A gestão da Fly Modern Ark (FMA) nas Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) continua a gerar autêntica dor de cabeça aos utentes dos serviços da companhia de bandeira nacional. Se a nível nacional temos situações de passageiros que dormem em aeroportos por graves atrasos dos voos, desta vez o cenário sucede no plano internacional com a LAM a cancelar o voo Maputo – Lisboa por falta de aeronave.
A EuroAtlantic Airways declinou ceder os seus aviões à LAM para fazer o voo Maputo – Lisboa, na quinta-feira, deixando entregue à sua sorte a selecção nacional de futebol e a Presidente da Assembleia da República, Esperança Bias.
A manutenção da rota Maputo – Lisboa – Maputo, da LAM mostra-se cada vez mais insustentável, tal como foi vaticinado no princípio, por conta dos altos custos operacionais que acarreta. A Companhia de bandeira nacional deve cerca de 1.4 milhões de euros à EuroAtlantic Airways referentes ao aluguer das suas aeronaves.
Devido a estas dívidas, a firma portuguesa especializada no aluguer de aviões declinou na quinta-feira (13.06) ceder os seus aviões à LAM para efectuar o voo Lisboa-Maputo.
Em consequência disso, a LAM anunciou, na tarde da quinta-feira, o cancelamento daquele voo que devia trazer de volta ao País a selecção nacional de futebol, os Mambas, cuja chegada a Maputo era aguardada com elevada expectativa esta sexta-feira. Os Mambas defrontaram e venceram, na passada segunda-feira, a selecção de Guiné-Conacri por uma bola sem resposta, em Marrocos, casa emprestada do adversário.
Os Mambas partiram na manhã de quinta-feira de Casablanca, Marrocos, para Lisboa, Portugal, de onde iriam fazer o voo de ligação para Maputo com a companhia de bandeira nacional. Para o seu desagrado, no aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, foram informados sobre o cancelamento do voo sem, no entanto, esclarecimento em relação aos motivos.
Segundo o SAVANA apurou, a situação pegou de surpresa a presidente da Assembleia da República, Esperança Bias, e sua comitiva, que regressava de Cuba.
Depois de uma paralisação de 12 anos, o voo Maputo – Lisboa – Maputo, operado pela LAM, foi anunciado em dezembro do ano passado, com pompa e circunstância. Para operacionalizar o voo, a LAM iria alugar um Boeing 777, de 302 lugares, à luz de uma parceria com operadora portuguesa EuroAtlantic Airways, e iria ligar as duas capitais três vezes por semana.
Passados mais seis meses, os custos operacionais da rota Maputo – Lisboa mostram-se negativos. Só de combustível por cada viagem a LAM tem de desembolsar USD 85 mil, facto que tem agravado as dívidas da companhia com as gasolineiras.
A LAM deve ainda cerca de 450 mil euros à Aeroportos de Portugal, geridos pela Ana aeroportos. Adicionalmente, tem uma dívida de cerca de 130 mil euros de despesas de alojamento da tripulação no hotel VIP Executivo Arts, para além de outra de cerca de 108 mil euros com a Icatering, empresa provedora de serviços de catering nos voos que fazem a rota Maputo – Lisboa.
Apesar desta situação, o executivo continua mostrando-se renitente em terminar este voo, alegando que será possível recuperar os custos com o andar do tempo. (SAVANA/IMN)
INTEGRITY – 16.06.2024