Administrador de Gilé, Alberto Maquinze, disse que os militares prestam serviços de segurança a uma empresa mineira
Um grupo de quatro militares moçambicanos, armados e vestidos à civil, invadiram uma cooperativa mineira no distrito de Gilé, na província da Zambézia, e destruiu acampamentos, além de roubar combustível e pedras preciosas.
A informação foi relatada por vários mineiros locais e confirmada pelo administrador distrital em declarações à Voz da América nesta quinta-feira, 6.
Os invasores foram inicialmente identificados apenas por homens armados, segundo a imprensa moçambicana.
Entretanto, um mineiro contou à Voz da América que os militares chegaram nas minas de Muiane numa viatura, dispararam e incendiaram barracas do acampamento da cooperativa mineira de Rimulie, antes de levar uma quantidade não especificada de combustível e pedras preciosas.
“Eles não deram tempo de eu falar, começaram a me dar porrada. Liguei ao patrão naquele momento e expliquei que tinha um carro estranho e que tinha conhecimento. Os militares estavam armados e não me davam tempe, e dispararam lá em baixo" contou.
A população naquela área vive do garimpo e explora turmalinas, morganite, tantalite, esmeralda e ouro e considera a invasão um ataque à sua sobrevivência.
Alguns garimpeiros constituíram cooperativas mineiras.
Num vídeo posto a circular nas redes sociais, os militares aparecem vestidos a civil e armados, enquanto andam num acampamento em cinzas.
Em declarações por telefone à Voz da América, o administrador de Gilé, Alberto Maquinze, confirmou a invasão e anotou que os militares prestam serviços de segurança a uma empresa mineira na área em causa.
“Foi invasão de militares a uma cooperativa mineira. Eles foram à cooperativa sob capa de seguranças de uma empresa e vieram e invadiram por duas, três vezes. São militares contratados por uma empresa mineira”, precisou Alberto Maquinze,.
O adminitrador acrescentou que esta é a segunda invasão que os militares fazem a cooperativas mineiras do distrito em poucos meses e que ambas foram reportadas às autoridades provinciais para a tomada de medidas.
“Esse caso já reportamos a província e cabe a província, como disse, dar qualquer pormenor” das medidas a serem tomadas, acrescentou Maquinze.
No distrito de Gilé são frequentes os assaltos e vandalização de empresas e outras instituições.
O jornal notícias, de maior circulação no país, avança que esta é a terceira vez em menos de dois anos que se regista este tipo de ataques.
Os setores das minas e da saúde têm sido os alvos preferenciais dos protagonistas destes ataques.
VOA – 06.06.2024