EUREKA por Laurindos Macuácua
Cartas ao Presidente da República (190)
Tenho cada vez mais sensação de que este Governo se parece mais a um livro publicado enquanto o autor inventava a história: o improviso vai funcionando por um bom número de páginas, mas chega-se a um ponto em que não dá mais.
Impossíveis de serem amarradas, as pontas soltas acabam enredando o próprio enredo. Era compreensível ver o Presidente perplexo em 2014, afinal tudo era novidade. O estranho é constatar que até hoje, volvidos dez anos na cadeira do poder, continua perplexo.
Por exemplo, esta semana, falando a propósito das celebrações dos 49 anos de independência nacional, o Presidente disse que Moçambique registou desenvolvimento em “vários sentidos”.
E foi enumerando esses ganhos destacando o fim da guerra dos 16 anos, o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) dos antigos guerrilheiros da Renamo, em que dos 5.221 guerrilheiros abrangidos pelo, até 20 de Junho, 4.273 já tinham as suas pensões fixadas e 3.547 já estão em pagamento.
Não se pode ouvir um comentário desses e continuar-se calado. Este Governo parecesse a um barco que zarpa sem saber a que porto se dirige. É um barco à deriva! E faço-lhe agora a pergunta: o que este Governo fez ou está a fazer para criar oportunidades para que cada um dos moçambicanos realize o seu potencial?
Espero que não me fale do DDR! Governar, Presidente, não é resolver os inúmeros problemas do povo. É criar condições para que o povo identifique e resolva os seus próprios problemas. Agora até é compreensível que apareça um ministro deste Governo a dizer que em Moçambique come-se bem.
O povo tem três refeições diárias. Quer dizer, esta é a maneira como este Governo interpreta a governação: comer bem!
O estranho é facto de nestes tempos modernos ainda haver concidadãos nossos que são masoquistas e continuam a votar neste tipo de indivíduos.
DN – 28.06.2024