Por Afonso Almeida Brandão
Ao longo dos últimos anos recebemos uma panóplia de receitas (para a desgraça) que nos permitiu manter na ilusão de que estávamos a recuperar da nossa condição grave e que iria requerer vigilância apertada. Eis senão quando, percebemos que o douto médico, que nos estava a tratar da saúde (em sentido figurado e literal) e inclusive nos incentivava a consumir mais e mais e a cometer diversos excessos, desde o início da sua recomendada terapêutica, era, afinal de contas, um autêntico impostor xamânico, que pouco ou nada percebia de doenças, muito menos de medicamentos adequados ou posologia correcta e que, para além do mais, nos levava “couro e cabelo”, fazendo-nos sempre pagar pelas inúmeras bu(r)las que, com afinco, ao nosso lado nos passava, enquanto nos convencia da necessidade e da inevitabilidade do tratamento, no sentido de justificar o seu custo, para que voltássemos a ter a nossa saúde restituída, que é como quem diz, recuperarmos a Autonomia, Independência e Racionalidade que outrora tínhamos e que perdêramos. Neste longo processo a que fomos sendo sujeitos e verbos (de encher, os cofres já gordos do Estado) era peremptório que o doente não tivesse consciência da sua real situação, exercendo os vários placebos aplicados uma momentânea sensação de alívio do problema, sem nunca verdadeiramente tratar as causas, mas sempre os efeitos, que era aquilo para que o tratamento tinha sido concebido.
Cessados os sintomas, a doença estaria controlada ou, pelo menos, o paciente não se iria aperceber que o problema não só não estava resolvido, como alastrara para todos os “órgãos”. Procedendo desse modo o paciente permitia assim novas dosagens e até algumas experiências pouco ortodoxas mais radicalizadas e uma posologia mais agressiva, tendo sempre preocupação em todo este processo não com a sua real condição, mas com a percepção que o doente tinha da sua realidade, uma vez que por várias vezes lhe fora dito que a única cura viável era uma receita que a Direita não poderia oferecer, fosse por falta de competência ou de visão, desajustamento no modelo mental usado e pelo qual se norteava, cegueira ideológica e, o que é mais ridículo até, falta de empatia pelos outros, valor jogado sempre pela Esquerda Frelimista como norma julgativa para outros Partidos, como todos sabem.
Foi esta a narrativa infantil, e até mesmo onírica e primária, que os «Três da Vida-Eirada» Drs. Filipe Nyuse, Adriano Maleiane, Armindo Tiago e seus colegas de profissão tiveram durante oito largos anos para nos manter atávicos e impávidos a assistir à nossa deterioração, enquanto estes lucravam imensamente com a nossa credulidade a um nível pessoal e profissional, ao exibirem internacionalmente o seu enorme conhecimento e currículos e dando sempre esta experiência, com um elevado grau de aleatoriedade no seu desfecho, como sendo um enorme caso de sucesso junto da comunidade “científica” moçambicana, leia-se SNS, SADC, (alguns) Duadores Europeus, FMI, mesmo que esta pouco ou nada tenha estruturalmente alterado a doença, tratando, assim, equivocadamente apenas dos sintomas, como já foi referido, a um nível ainda para mais superficial e momentâneo e negando as evidências de anomalias e de propagação da doença que por todos os poros da economia se faziam sentir.
Talvez com esta metáfora se consiga, de facto, perceber as reais implicações do que está em causa nas nossas vidas e se possa entender racionalmente qual o engodo a que fomos subjugados nos últimos anos, já que a comparação com um doente moribundo e iludido da sua recuperação, durante demasiado tempo aqui feita, assenta que nem uma luva, depois da visualização do que temos acompanhado da parte dos Senhores Doutores atrás citados, onde se percebeu claramente que a doença progrediu, está hoje mais sólida e os tratamentos e placebos administrados apenas contribuíram para tirar dinheiro. Percebeu-se também que as infindáveis receitas passadas serviram apenas para nos endividarem mais e mais, que as inúmeras bu(r)las presentes possuem ainda mais contra-indicações e efeitos adversos do que era esperado e que, para além do mais, e o que é mais gritante, é que tudo isto foi feito de forma propositada e desumana, logo pouco empática, passando-nos pesadas facturas para todos, com juros, que não temos como pagar sem que essa parcela represente um enorme ónus e esforço demasiadamente pesado nas nossas contas.
Acima de tudo, como um paciente a quem é dito que tem poucos anos de vida, sentimo-nos desmotivados, mas, sobretudo, demasiadamente enganados. A revolta é tudo o que sobra da notícia que de forma titubeante recebemos, ainda que não tenha sido assumido o diagnóstico definitivo já adivinhamos nos avanços e recuos dos “médicos” e no modo com que estes voltaram a recuperar outro tipo de narrativas que o problema é mais sério do que julgávamos e que todos, sem excepção, teremos não só que reduzir o consumo, como prepararmo-nos novamente para exercer vigilância apertada, mudando a terapêutica para medicamentos mais agressivos e eficazes, muitos dos quais sempre negados e pertencentes a outra corrente de pensamento.
Em resumo, Moçambique e o Povo estão hoje com muito menos saúde (financeira e económica) do que tínhamos, bem mais endividados, com a doença crónica do défice num estágio bastante mais avançado, perdemos anos enganados com uma falsa cura e, se a tragédia não bastasse, fomos ainda sendo bombardeados com inúmeras bu(r)las que irão ter que ser as Novas Gerações a pagar por elas, o que constituirá uma factura pesadíssima para aqueles e para os seus e terá enormes implicações no crescimento, pois dado o estado absolutamente deplorável a todos os níveis em que o “tratamento chuxa-lista” da “nossa” FRELIMO nos deixou iremos ter que tomar os xaropes verdadeiramente amargos propostos pela Direita, pois já diziam os antigos: o que arde e o que sabe mal cura. Ouçamo-los, pois, e não dê-mos ouvidos a soluções fáceis de engolir, mas que não actuam verdadeiramente no problema, só assim deixaremos de “comprar” milagrosos e dispendiosos remédios e soluções de pacotilha semelhantes a mezinhas, que embora não sejam dolorosos de tomar à primeira vista, são extremamente dispendiosos, como já todos vimos, e não resolvem verdadeiramente o nosso problema crónico, a ausência de competitividade económica que temos e o défice estrutural que possuímos e que não nos permitem olhar com optimismo para o nosso Futuro. Falo naturalmente do cidadão moçambicano, na sua maioria pobre e sempre “à rasca”...
Passemos, pois, a um verdadeiro tratamento e rejeitemos aqueles “impostos” que nos martirizam e nos desanimam e de tantas asneiras cometidas por estes Senhores (des)governantes da FRELIMO… Basta de brincar com o Povo. Esperamos que para bom entendedor meia palavra basta.