Por Edwin Hounnou
O Presidente Filipe Nyusi (FN), há seis meses do fim do mandato, que já vai longo demais, diz que sai de cabeça erguida e com a consciência tranquila de dever cumprida, depois de 10 anos de uma governação turbulenta e evasiva. O mais provável sejam os óculos de madeira que esteja a usar o presidente o que não lhe permite ver a realidade.
O único que ainda não se apercebeu de que o país está muito mal deve ser FN. O país anda à deriva, sem rumo. De eleição em eleição, o país parece um navio a navegar sem rumo. É um navio perdido e a deambular ou, na pior hipótese, ao sabor de piratas do mar que, a qualquer momento, podem afundá-lo. O país deve estar afundado. Resta saber se ainda vamos a tempo de salvar os passageiros que leva a bordo.
O governo não tem solução de nada. Quanto a isso não estamos aqui a inventar nada. O governo disso através da sua ministra da Justiça quando respondia a pergunta se tinha alguma coisa para impedir que a grave anunciada pelos magistrados, marcada para o dia 01 de Agosto e com a duração de 30 dias prorrogáveis pelo tempo que for necessário, ela retorquiu que o governo não tem solução.
Essa resposta só deixou perplexos aos que andam distantes dos problemas do país e da postura do governo. Esse é o comportamento do governo que sempre se mostra sem solução para nenhum problema do país. Num país onde as instituições funcionam, o governo existe para resolver os problemas do povo e não para apresentar desculpas.
As crianças estudam ao relento e encurvadas ao chão pelo facto de o governo não ter solução para construir salas de aulas suficientes e equipá-las com carteiras ainda que o país tenha madeira abundante. O ano lectivo já vai na segunda metade e o livro escolar de distribuição gratuita para as crianças ainda não chegou. As desculpas por assim acontecer hâ às catadupas.
Os médicos e enfermeiros estão cansados de exigir salários justos e pagamento de horas extraordinárias e o governo responde com indiferença. Não tem solução para resolver os problemas. O governo nunca mostrou qualquer solução para os problemas do sector da Saúde. Não há gesso nem compressas nos centros de Saúde, como acontece no Hospital Central de Nampula onde se recorre ao papelão no lugar de gesso.
Não é segredo para ninguém dizer que o governo nunca se mostrou possuir qualquer solução para os problemas dos professores que há anos reclamam por salários justos e pagamento de horas extraordinárias. Não encontram solução para voltarem a colocar o paísnos carris. Os professores são valorizados quando chega o momento das eleições para empaturrarem as urnas com votos falsos a favor do partido no poder.
Os professores são instrumentalizados para se oporem à paz, democracia e à reconciliação nacional. Quando as coisas correm mal, são abandonados para, sozinhos, responderem pelos crimes que vêm cometendo contra o povo moçambicano. É o que assistimos com os professores que agora enfrentam o julgamento, em Quelimane. Depois do julgamento, alguns voltarão a se juntar aos fraudulentos das eleições.
O governo não tem solução de nada. Não há estradas que liguem o país de uma ponta a outra. A Estrada Nacional Número Um (EN1) está podre. O governo promete reabilitá-la mas nunca passou de promessas. Um país sem vias de comunicação está lixado. Não tem como se desenvolver. Não pode fazer a comercializacão agrícola ainda que cante que a agricultura seja a base do seu desenvolvimento.
A rehabilitação da EN1 é um objecto de uma campanha enganosa. O partido no poder promete rabilitá-la, caso seja reconduzido. Porquê não o fez durante os longo 50 anos que leva no poder? A população não viaja de avião, vai pela estrada e a partir do norte do Save, é um grande martírio. O governo não sabe disso porque anda de avião. Cuspem para a cara do povo quando diz que vai arranjar a EN1.
Contra a corrupção que corrói a economia, o governo não tem solução. O narcotráfico encontra no nosso território o caminho aberto. Os narcotraficantes, por vezes, refugiam-se em Moçambique. A família de um dos maiores narcotroficantes do mundo - Pablo Escobar - esteve escondido na zona nobre de Maputo.
Como disse Amade Camal, empresário com ligações ao partido Frelimo, que alguns dos suspeitos de narcotráfico aparecem em reuniões do partido no poder. Isso não é novidade. As actividades corruptas são protagonizadas, em geral, por indivíduos ligados ao partido no poder. A falsa investigação ao nacotráfico levada a cabo por uma comissão parlamentar dominada pela Frelimo morreu na praia. A comissão foi à Zambézia comer e beber para depois dizer que não viu nada, para proteger o tubarão envolvido.
Podemos indicar que todos os implicados no escândalo das dívidas ocultas pertencem à Frelimo. Não há um único que não seja da Frelimo ou próximo ao partido no poder. São parentes e amigos dos graúdos da Frelimo. Assim, é natural que sejam vistos como bandidos e corruptos. Se o não fosse, a corrupção seria combatida, o país desenvolver-se-ia e estaria num patamar alto de desenvolvimento. A situação não será diferente pela simples mudança dos protagonistas da pobreza. É preciso mudar o regime, que é o motor que empurra o país para a pobreza.
O governo não tem solução para combater os raptos que, há cerca de 10 anos, destroem a economia do país. O governo não sabe como combater o terrorismo que devasta Cabo Delgado e inviabiliza a exploração do gás natural e de outros recursos. O governo falhou redondo nas políticas agropecuárias. Não industrializa. O governo exporta em bruto tudo. Estamos tão mal que nem as escolas têm água para as meninas e os meninos se lavarem. Moçambique é um país jogado no caixote de lixo.
Podem vir novos actores políticos para substituir a Frelimo e tudo vai continuar na mesma ou ainda pior enquanto o regime for esse que a Frelimo implantou. Não basta destronar a Frelimo. Por muita boa vontade que Daniel Chapo tenha, candidato da Frelimo às presidenciais, nada mudará se este regime corrupto não for desmantelado.
O problema é o regime de corruptos que capturaram o Estado. A Frelimo perdeu a batalha da boa governação e um descanso poderia lhe fazer bem. Ninguém sai de cabeça erguida. Não seremos um país com estado falhado?! Nenhuma solução pode ser eficaz com corruptos no poder. A Frelimo é o problema maior do nosso país.
VISÃO ABERTA – 19.07.2024