Por António A.S. Kawaria
Venâncio Mondlane foi à Assembleia da República Portuguesa para falar com todos e Ventura do CHEGA foi quem se dispôs. Falou com ele, claro como falaria com qualquer outro que fizesse o mesmo. Pelo que entendi, repito, VM não foi à sede do CHEGA. Algum mal nisso? Vou esclarecer algo.
Mas antes da sua viagem a Europa, Venâncio andou por todo o país. Ainda não sei se todos os que comentam sobre o seu encontro com Ventura fizeram sobre as viagens que VM fez em Moçambique. Entendo que em democracia é assim. Venâncio e a CAD têm que ter seus adversários e esses têm que arranjar qualquer coisinha contra, ignorando o positivo e mais relevante. O que não entendo é quando esses adversários de VM se fazem de mais portugueses que moçambicanos. CHEGA é um partido português e com política-ideológica virada para dentro de Portugal (imigração e navionalismo ou ultranacionalismo, como se queira). Só os portugueses ou os residentes em Portugal podem dar resposta positiva ou negativa ao CHEGA através do VOTO, já que lá não há exclusão como se faz em Moçambique.
Quando falo do CHEGA é mesmo que falar dos Sverige Demokraterna, SD, que é um partido sueco com a mesma ideologia. Nos princípios suecos o que se faz são debates públicos com argumentos e não recorrência a insultos e mesmo manifestação de ódio. Em tempo de campanha eleitoral na Suécia, todos os partidos concentram-se numa única praça e nós os eleitores querendo, circulamos de tenda em tenda fazendo perguntas sobre os seus manifestos de forma civilizada e ninguém anda controlar de quem vai para que tenda. As escolas, sobretudos os professores de educação cívica fazem jornadas com os seus alunos nessas praças para dialogarem com todos e os partidos políticos. Nas escolas, os alunos entre 16 a 18 anos, simulam partidos, e têm que ser todos os partidos representados no parlamento, fazem campanha que culmina com "skolval", eleição escolar...
O que me preocupa é o facto de muitos moçambicanos não se preocuparem do extremismo em Moçambique, actos anti-democráticos, mas falam de Portugal como se alguém tivesse sido deportado de Portugal a mando do CHEGA/Ventura. Em Portugal como qualquer país da UE rege a lei, a Constituição da República ou do Reino.
Pelo contrário, em Moçambique até um administrador distrital pode mandar deportar quem defende os camponeses desde que isso desfavoreça o seu partido. Não estou a inventar, falo dum caso que aconteceu em Monapo, em 2014. Outro caso, em 2009, José Pacheco, então Ministro do Interior, mandou deportar um cidadão na Beira, por ser próximo do Daviz Simango.
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