(UM QUINTO DOS BEBÉS NASCEM DE MÃES ESTRANGEIRAS. O QUE SERÁ DE PORTUGAL?)
Por Afonso Almeida Brandão
Quem está mais atento às questões da natalidade certamente já ouviu o termo “Inverno demográfico”. Quando dizemos que o nosso País atravessa «um grave Inverno demográfico» não nos estamos a referir à estação do ano, antes estivéssemos, porque se assim fosse saberíamos que o Inverno chegaria ao fim em poucos meses e seguir-se-ia uma Primavera de Sol e Esperança no Futuro.
O problema é que o Inverno demográfico que se instalou em Portugal não tem um fim à vista, porque não há políticas que fomentem o nascimento de bebés em Portugal — Inverno demográfico significa que o número de nascimentos é altamente instável, enquanto a taxa de Mortalidade regista níveis baixos.
Este Inverno é uma consequência directa das crises económicas que têm afectado o nosso País, mas não só. Se a questão fosse apenas um ciclo de crise económica, tal significaria que uns anos depois a taxa de Natalidade iria aumentar. O problema é mais profundo, é estrutural.
Os baixos salários são uma das grandes razões para o Estado em que se encontra o nosso país. Com salários baixos que famílias conseguirão ter, pelo menos, dois filhos? Deixem-me clarificar que aqui não me refiro aos grandes conjuntos de famílias que todos sabemos quem são e que vivem dos cheques da Segurança Social e de negócios ilícitos.
Falo, sim, das famílias que trabalham honestamente, cujos elementos acordam cedo todos os dias para encarar transportes públicos cheios — quando existem — para poderem chegar aos respectivos locais de trabalho. Chegado o fim do mês, a estas famílias não sobra dinheiro, pois o salário desapareceu no momento fatal de pagar contas: renda de casa ou empréstimo à habitação, electricidade, água, gás, serviço de televisão e internet (que nos dias de hoje já quase que é considerado um luxo), combustível, alimentação, entre tantas outras despesas fixas. E, claro, os Impostos que estão bem visíveis no recibo de vencimento e que enchem “os bolsos” do Estado para nada, porque os serviços públicos ou não funcionam, ou funcionam muito mal.
Face a isto como é que um casal pode pensar em ter, pelo menos, dois filhos? Mas se o problema fosse apenas este, poderíamos esperar que o fim do Inverno estivesse próximo. Só que não!
Continue reading "LÍNGUA AFIADA: FILHOS NOS TEMPOS QUE CORREM?" »
Recent Comments