(Venâncio Mondlane: um político “a abater”...)
Por Afonso Almeida Brandão
Estes dois termos já foram explicados e referidos oportunamente. Mas como há (ainda) alguns “distraídos” por aí convém voltar a falar do assunto. Para que ninguém fique com dúvidas.
Pois bem: “Delulu” é uma gíria que geralmente é usada para se referir a alguém que está excessivamente iludido, irritado ou fantasioso. A palavra é uma combinação de “delusional” (iludido, em inglês) e “lulu”. Pode ser usada para descrever pessoas que têm expectativas irrealistas ou fantasias em relação a suas vidas amorosas, muitas vezes ignorando a realidade. Essa expressão é frequentemente utilizada em contextos de cultura “on-line”. E também temos outro termo curioso muito utilizado entre os moçambicanos de Nampula. Trata-se da palavra “sacatépuès”, em dialecto Macua, que significa traduzido à letra para português corrente de «pessoa que não vale nada, convencido da treta, e com “ares de pseudo-intelectual”».
Moçambique, como tantos outros países, não está imune ao fenómeno dos termos “delulu” e “sacatépuès” quer na Política, quer no Jornalismos. Enquanto os cidadãos procuram líderes que encarnem ideais e soluções perfeitas, a realidade complexa muitas vezes escapa à narrativa construída. Este artigo propõe uma análise dos termos “delulu” e “sacatépuès” no campo da nossa Política e também Jornalístico, em solo moçambicano, explorando como as idealizações podem impactar o cenário político e jornalístico Nacional.
Nos bastidores intricados da Política e do Jornalismo existente entre nós, desenha-se uma narrativa que transcende a realidade, uma coreografia de ilusões conhecida como “delulu” (ou sacatépuès” político e jornalístico). Num País como Moçambique onde as paixões políticas (e jornalísticas, para não falarmos também dos Escritores que por aí “abundam”) e que frequentemente se assemelham a um espectáculo teatral, é intrigante explorar como essas fantasias moldam a percepção pública e afectam o cenário da nossa Política, do nosso Jornalismo e ainda de quem é quem na área dos nossos Escritores, Analistas e Comentadores de Televisão. Neste mergulho mais profundo na dimensão do “delulu” e do “sacatépuès” destes sectores do nosso Sector Social Moçambicana desvendaremos os véus que ocultam as realidades complexas da Governança, do Jornalismo, da Literatura (Escritores, Analistas e Comentadores de TV incluído) — ou da encenação de todas estas áreas em questão, no que corresponde às máscaras e bastidores de que são envolvidas.
A Política em Moçambique e sobretudo o Jornalismo, os “enredos” muitas vezes desenrolam-se como uma peça teatral, onde os actores políticos e os profissionais de Imprensa desempenham papéis cuidadosamente predeterminados, fazendo parecer algo que não são, da Esquerda à Direita. Por trás das cortinas, revela-se a dança intrigante dos “delulus” e também dos “sacatépuès”, onde os “Figurantes” são retratados como heróis imaculados ou vilões intransigentes. Esta simplificação exagerada transforma estas áreas em um palco de ilusões, onde a verdade frequentemente cede espaço a narrativas convenientes, ou com verdades marteladas ao sabor e vontade do “delulu-mor” e ainda do “sacatépuès” da nossa “metralha” frelimista (ou não).
As redes sociais, com sua capacidade de amplificar vozes e distorcer realidades, tornam-se o cenário ideal para a propagação dos “delulus” e também dos “sacatépuès” da nossa Política ou da nossa Comunicação Social. A partilha rápida e superficial de informações contribui para a criação de uma narrativa distorcida, onde nuances são frequentemente substituídas por estereótipos simplistas.
Consequências dos “delulus” e dos “sacatépuès” na Política e na Comunicação Social Moçambicana
As consequências de ambos, quer na Política, quer na Imprensa em Moçambique desdobram-se como actos de uma peça tumultuada. A idealização extrema dos líderes políticos ou dos Directores, Editores e Corpo Redactorial frequentemente leva a expectativas inatingíveis, resultando em desilusões profundas por parte do Eleitorado. A polarização exacerbada, alimentada por “esta gente”, cria divisões profundas na Sociedade, prejudicando a capacidade de colaboração para resolver desafios comuns, regra geral com soluções fáceis ou facilitadas. O exemplo mais flagrante é aquele que podemos verificar com o que está a passar-se com a candidatura do político Venâncio Mondlane às Eleições Presidênciais de Outubro, em Moçambique.
Desafios e reflexões: desmantelando ilusões na Política e na Inprensa Moçambica
Enfrentar o “delulu” e o “sacatépuè” na Política e na Comunicação Social no nosso País, é um desafio que requer uma análise cuidadosa das dinâmicas em jogo. A educação cívica deve evoluir para além da transmissão de factos, buscando desenvolver o pensamento crítico necessário para discernir entre a retórica política e a realidade subjacente, criar cidadãos que pensam e não cidadãos que debitam aquilo que os professores também debitam.
Líderes Políticos em Moçambique, por sua vez, precisam transcender os “scripts” pré-estabelecidos. A transparência genuína e uma abordagem mais autêntica podem desmantelar as ilusões criadas pelo “delulu” e também pelo “sacatépuè”, proporcionando aos cidadãos uma visão mais clara dos desafios enfrentados por seus representantes.
A Ascensão de Populismos e as Manipulações Mediáticas: os Perigos de Eleger “delulus” e “sacatépués na Política e na Comunicação Social
A complexidade destes dois “perigos” (convenhamos), em Moçambique, quer no plano Político, quer no plano da Informação, é exacerbada pela ascensão de populismos e pelas manipulações mediáticas, especialmente nas redes sociais. O fenómeno populista muitas vezes alimenta-se das fantasias políticas, apresentando líderes carismáticos como «salvadores da pátria», enquanto desconsidera a complexidade das questões. Estes mesmos “delulus” e “sacatépuès” que aparecem como salvadores, se formos a ver, são os desencadeadores dos problemas.
As redes sociais, por sua vez, tornam-se ferramentas poderosas para a disseminação de “delulus” e “sacatépuès” políticos. A viralização de informações distorcidas, a criação de bolhas ideológicas e a manipulação de narrativas contribuem para a formação de uma percepção pública deturpada. O risco de eleger líderes políticos ou “promover” jornalistas da “treta” baseados em idealizações excessivas torna-se evidente, comprometendo a capacidade do País de enfrentar desafios reais de maneira pragmática.
E o problema está quando esta “gente” é/são eleitos. É bom ser candidato, e ser o candidato contra tudo e todos é o melhor e o mais fácil, o problema é quando o sonho se torna realidade e o “delulu” e o “sacatépuè” agora tem que cumprir com as suas promessas aumentadas e falaciosas, corre mal para todos eles e também para os restantes que os elegeram. Assim aconteceu à Esquerda com o Tsipras, na Grécia e com Salvini na Itália, a título de exemplo, assim como cá aconteceria com o nosso candidato “maravilha” CHAPO da FRELIMO ou do reeleito líder da RENAMO. Os dois expoentes máximos de “delulus” em Moçambique. A FRELIMO desde que está no “poleiro” do País desde 1975, pouco (ou quase nada) melhorou as vidas dos moçambicanos já o MDM e a AD não foram capazes de fazer frente aos “metralhas” frelimistas para que estes cumprissem com os seus compromissos e obrigações. Ou seja: só roubaram o Erário Público e “encheram os bolsos à fartazana”. O caso das Dívidas Ocultas (entre outros exemplos) são vergonhosos e deixaram o nosso País muito mal na foitografia perante os Duadores Internacionais, os PALOP´s e a SADC.
Para concluirmos, em última análise, somos de opinião que temos todos, em conjunto, de desvendar a trama dos “delulus” e dos “sacatépuès” políticos e jornalísticos em Moçambique. Sabemos que exige uma disposição colectiva para enfrentar a Realidade. Concordamos que despirmo-nos das fantasias políticas pode ser desconfortável, mas é essencial para construir uma Sociedade mais informada e engajada. Ao mesmo tempo, é crucial resistir aos perigos emergentes da ascensão de populismos e manipulações mediáticas — como foi o caso de CHAPO, como político oportuno, ao utilizar o facto de ter sido recebido, em Portugal, pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa — pois é importante que todos temos de reconhecer a importância de uma participação cívica informada e crítica e não “forçada a martelo”, como foi o caso. O problema é que os militantes transformaram-se cada vez mais em ultras de um clube de futebol e onde o jogo ainda não começou e os ultras já dizem que o árbitro está a roubar a sua equipa.
Este aprofundamento na análise dos “delulus” e do “sacatépués” políticos que temos actualmente em Moçambique, não apenas amplia o entendimento sobre como as fantasias dos “metralhas” impactam a dinâmica política, mas também destaca a urgência de abordar os perigos crescentes associados à manipulação mediática e à ascensão de populismos. E o que está a acontecer ao Partido da Coligação Aliança Democrática e ao seu Candidato Venâncio Mondlane é disso exemplo flagrante e inaceitável — para não dizer vergonhoso, pois é evidente que se trata de um político “a abater” pelos seus pares frelimistas e não só...
E por aqui ficamos.