(Moçambique sempre teve uma Democracia defeituosa que transformou o País altamemte disfuncional e o Povo é que sempre sofreu... (Foto de Albino Mahumana)
Deste que iniciei esta coluna, o meu objectivo foi estabelecer com os Leitores uma relação baseada na clarificação do meu pensamento relativamente às principais causas do empobrecimento do nosso País, causas essencialmente resultantes dos erros cometidos pelos governos ao longo de mais de 49 anos e pela ausência de uma estratégia Nacional para o progresso e para o desenvolvimento de Moaçambique.
Ao mesmo tempo, tentei resumir as linhas estratégicas alternativas que defendo em algumas áreas essenciais como a Economia, a Logística e o Crescimento Económico, com o objectivo de afirmar que essas alternativas existiam, mas que, infelizmente, não foram usadas.
Agora, a nova questão que proponho aos leitores é a de saber porque foi assim, ou seja, qual a razão por que ao longo dos últimos quase cinco décadas não corrigimos o rumo e porque persistimos nos mesmos erros, apesar da alternância democrática ser suposta permitir políticas diferenciadas, o que não aconteceu.
Por exemplo, a dívida pública, que foi deixada crescer ao longo de todos os (des)governos frelimistas, mostra uma assustadora continuidade no erro entre o Partido da FRELIMO, nomeadamente porque a dívida não resultou em investimentos produtivos conducentes à criação de riqueza, como a estagnação da Economia mostra de forma irrecusável. Mas não confundir com as Dívidas Ocultas, porque “essa” é outra história vergonhosa...
A minha explicação para este fenómeno é simples e convido os Leitores, se for caso disso, a discordar:
— o funcionamento do sistema político, baseado num único Partidos que têm detido o Poder de controlar a participação política dos cidadãos através da escolha dos candidatos a apresentar ao voto, em particular para a Assembleia da República, impediu o funcionamento livre do processo democrático e permitiu colocar os interesses do do Partido dos “Metralhas” e do “maralhal” contituido por grupos dos seus amigos à frente do interesse geral da Nação.
— Porque se tivessem estado na Assembleia da República cidadãos livres, verdadeiros representantes do Povo Moçambicano, escrutinados um a um pelos eleitores na mesa de voto, nunca teria sido possível a falta de controlo político do Parlamento sobre os governos que apenas desgovernaram desde o início de 1975 até à data.
Isto é, uma Democracia defeituosa criou um País altamente disfuncional. Esta não será a única razão, há outras, mas é esta razão a que mais facilmente permitiu a promiscuidade entre a actividade política partidária e os negócios, o crescimento sem controlo da Corrupção, do Roubo, e da menorização do funcionamento da Justiça (ou antes da falta dela!), a inoperância da regulação económica e a partidarização da Administração Pública — se é que a FRELIMO sabe do que , o que tornou os Partidos Políticos no geral, numa muito eficiente agência de empregos bem remunerados (sem excluirimos a RENAMO, a AD e o MDM). Tendo-se mesmo chegado ao extremo das posas grandes empresas privadas existentes em Moçambique serem criadores de empregos para políticos na reserva e de seus “amigalhaços”, na expectativa do respectivo pagamento pelo Estado em favores, subsídios e compensações diversas.
— Trata-se, pois, de uma fase avançada de Corrupção do sistema político, na medida em que não é punível pela Lei (se é que existe lei em Moçambique...)
— Diferentemente de outros países, com sistemas políticos e eleitorais verdadeiramente democráticos, países que, como a África do Sul, progridem e desenvolvem economias com sucesso e uma vida melhor para os seus cidadãos (apesar de tudo), os partidos políticos Moçambicanos e os (des)governos que a FRELIMO criou, ao longo dos últimos (quase) 50 anos, um País disfuncional, com problemas tão graves, tão vastos e tão diversos, que justificam a refundação do processo democrático. O que, sintomaticamente, todos os Partidos, repito, todos os partidos sem excepção, se têm recusado a admitir. Ou não é verdade?
Claro que entretanto os Moçambicanos são livres de continuar a pensar que o seu Partido é melhor do que os outros e que os problemas do País se devem aos outros Partidos, que não ao seu.
Poder, lá isso podem; todavia, será bom recordar que os maus resultados de 49 anos de má governação têm o dedo de todos os Políticos Moçambicanos (e não só!) que, no Governos ou na Oposição — e também em diversas áreas da nossa Sociedade — conduziram o nosso País ao empobrecimento e à dependência actual.
Acrescento mais: sem a refundação democrática que proponho, lamento afirmar que a situação Futura dos Moçambicanos apenas pode piorar, o que, aliás, está à vista de todos há muito tempo...
Continuar a «bater no ceguinho» para quê, se Responsabilidade é factor que continua a não ser ignorado e não existe — e parece-nos que nunca existiu — ou estou enganado...?! Pensamos que o que resta a todos os Moçambicanos, em termos de Esperança, é mesmo Paciência e Esperança. Só que não sabemos até quando...