Ernesto Max Elias Tonela foi exonerado ou mudou de galho? É uma questão que vem sendo levantada nas últimas horas, uma vez que era um dos ministros mais relevantes do “trágico governo” de Filipe Nyusi que finalmente foi afastado da função, dias depois de ter assumido a liderança rotativa da Trade and Development Bank (TDB) ou simplesmente Banco de Comércio e Desenvolvimento, uma Instituição financeira que actua ao nível da África Austral e Oriental, tendo um capital que ultrapassa os 10 mil milhões de USD.
Tonela havia sido eleito no passado dia 02 de agosto e ontem (08.08) foi exonerado por Filipe Nyusi da função de Ministro da Economia e Finanças. Entretanto, “Integrity” apurou que na verdade a função de governador do TDB é assumida pelo Ministro em exercício, ou seja, Adriando Maleiane que passou desde ontem a acumular as funções de 1º ministro, MEF e de Governador do TDB.
De fontes seguras aferimos que a relação entre Max Tonela e Celso Correia, Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, e considerado o homem que toma as grandes decisões do País, não era das melhores, principalmente na componente de libertação financeira para as actividades daquele pelouro, havendo até problemas no pagamento de salários para extensionistas e outros sectores. “Integrity” apurou que o problema é muito mais complexo, uma vez que em quase todos os sectores do Estado existem sérios problemas salariais e de motivação, havendo quem diz que se rompeu a relação entre Tonela e Nyusi.
Moçambique assumiu a liderança do TDB, depois de ter se juntado a este organismo financeiro em 2016 com uma injecção financeira de 450 milhões de USD, curiosamente uma quantia aproximada aos 500 milhões de USD das Dívidas ocultas que ninguém sabe até aqui onde foi parar.
Ernesto Max Elias Tonela era um dos “super-ministros” do governo de Filipe Nyusi a par de Celso Correia e Carlos Mesquita, tendo feito parte do executivo moçambicano nos últimos nove anos e alguns meses da governação de Filipe Nyusi.
Diante da nova realidade, o Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, no uso das competências que lhe são conferidas pela alínea a) do número 2 do artigo 159 da Constituição da República, exonerou através de Despacho Presidencial Ernesto Max Elias Tonela do cargo de Ministro da Economia e Finanças.
Em Despacho Presidencial separado, o Chefe do Estado nomeou Adriano Afonso Maleiane para o cargo de Ministro da Economia e Finanças, em acumulação com as funções de Primeiro-Ministro. De lembrar que antes de ser nomeado Ministro da Economia e Finanças, Ernesto Max Elias Tonela foi Ministro dos Recursos Minerais e Energia (MIREME) de 14 de dezembro de 2017, depois de ter sido Ministro da Indústria e Comércio (MIC), desde 19 de janeiro de 2015.
Vida pessoal de Ernesto Tonela
Ernesto Tonela nasceu a 14 de outubro de 1968, na cidade da Beira, província de Sofala. Ernesto Max Elias Tonela é casado. Fala Português e Inglês.
Educação de Ernesto Tonela
Ernesto Tonela concluiu a licenciatura em Gestão de Empresas pela Faculdade de Economia da Universidade Eduardo Mondlane (UEM) em 1994. Em 2002, obteve o Diploma em Corporate Management and Finance pelo Centro de Estudos Financeiros, Económicos e Bancários de Marselha, França. Economista/Gestor de profissão, em 2003, concluiu o mestrado em Gestão Financeira pelo Instituto de Administração de Empresas da Universidade de Paris I, Pantheon, Sorbonne, em França. Como docente, foi monitor da cadeira de Economia na Faculdade de Economia da UEM.
Ernesto Tonela participou em diversas acções de formação. Em 1996, participou num estágio na Sydkraft A. B. na Suécia, na área de “Corporate Planning” de holding e na função financeira; em 1999, fez o curso de Financial Decision-markers Workshop, promovido pela UNZ&CO, em New York City, Estado Unidos da América; em 2000, realizou o curso de Project Finance For Emerging Markets, promovido pelo Institute for Public-Private Partnersships (IP3) em Washington DC, focalizado para mercados emergentes e desenvolvimento de técnicas de financiamento de infraestruturas envolvendo os sectores Público e Privado.
Em 2004, participou da formação sobre International Procurement on Goods, Services and Works promovida pelo International Law Institute em coordenação com a Universidade Georgetown, em Washington D.C., EUA, focalizado nas políticas e procedimentos para aquisição e contratação de bens, serviços e empreitadas e a revisão das práticas adoptadas por várias instituições financeiras multilaterais, com destaque para o Banco Mundial e, em 2013, fez o curso Advanced Management Program, promovido pela Kellogg School of Managment da Universidade de Northwestern.
Carreira Profissional de Ernesto Tonela
No seu percurso profissional, de 1990 a 1992, foi Contact point da “The Ford Foundation” em Maputo, servindo de ligação entre o escritório regional em Harare e os interesses da organização em Moçambique. Entre 1991 a 1992, trabalhou como Economista Júnior no Departamento de Estudos Económicos e Estatísticos do Banco de Moçambique.
De 1993 a 1997, foi Economista na Divisão de Planeamento e Controlo, da Direcção de Economia e Finanças da Electricidade de Moçambique. No período de 2007 a 2008, assumiu o cargo de Administrador não executivo na Sociedade de Desenvolvimento do Corredor de Maputo, SARL. De 1999 a 2008, foi Presidente do Conselho Fiscal da MOTRACO, SARL (Mozambican Transmission Company).
Entre 1997 e 2007, ocupou a função de Director de Economia e Finanças da Electricidade de Moçambique, E.P., e, de 2007 a 2015, exerceu o cargo de Administrador Executivo da Hidroeléctrica de Cahora Bassa, S.A. Ernesto Tonela esteve profissionalmente ligado ao processo de Reforma do Sistema Fiscal.
Em 1999, participou no processo de substituição do Imposto de Circulação pelo Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) e foi responsável pelos estudos do impacto do IVA sobre a estrutura de custo e os preços de venda de energia. De 1996 a 2000, participou no processo de negociações tripartidas entre Moçambique, Portugal e África do Sul, sobre a Hidroeléctrica de Cahora Bassa, como membro do Subcomité de tarifas do Permanent Joint Committe estabelecido pelos três Governos.
De 1997 a 1999, participou na concepção, estruturação, modelação financeira e negociação dos contratos do projecto MOTRACO uma Joint-venture criada com o propósito de construir e operar um sistema de transporte de energia eléctrica de 400KV, ligando Maputo, África do Sul e Suazilândia, tendo como objectivo principal o fornecimento de energia eléctrica à Fábrica de Alumínio MOZAL.
Entre 1997 e 2004, participou em vários processos de revisão financeira da Electricidade de Moçambique, contratados por doadores/financiadores da empresa, tal como o Banco Mundial, o BEI, o BAD, a KFW, a AFD, a DBSA e o BADEA. De 2000 a 2001, Tonela foi coordenador do processo de elaboração dos termos de referência, contratação e acompanhamento do estudo do tarifário de venda de energia eléctrica que incluía a revisão a nível do preço da estrutura e do mecanismo de actualização do tarifário.
De 2001 a 2002, foi coordenador do processo de elaboração de termos de referência, contratação e execução do estudo para a reorganização da Electricidade de Moçambique, realizado em consórcio liderado pela KPMG, no âmbito do processo de reforma do sector para assegurar a separação de contas entre as actividades de produção, transporte e distribuição de energia eléctrica, com vista a assegurar maior transparência e eficiência de gestão e melhoria de qualidade de serviços prestados. De 2003 a 2005, Tonela participou no processo de implementação do projecto de reestruturação da EDM com a consultoria da KPMG, como responsável pelas actividades na área financeira e membro do comité do projecto.
De 2006 a 2007, participou no processo de definição da estratégia, estruturação e negociação do financiamento para a reversão dos capitais da Hidroeléctrica de Cahora Bassa, na sequência dos acordos entre o Governo de Moçambique e o da República Portuguesa. Contudo, os próximos tempos podem não ser “saborosos” para Max Tonela que nos corredores dos lincha imagem já o responsabilizam por tudo de errado que aconteceu no governo de Nyusi nos últimos dois anos, com informações inclusive de uma alegada conspiração para chegar à presidência da República. (Omardine Omar)
INTEGRITY – 09.08.2024