Por Edwin Hounnou
As estradas são da Frelimo. Os hospitais e centros de saúde são da Frelimo. Os medicamentos são da Frelimo. Quem assim o diz é Daniel Chapo, canndidato da Frelimo às eleições presidenciais. Esqueceu-se de acrescentar as coisas que pertencem à Frelimo. Faltou dizer que o Sol que ilumina a Terra, as estrelas, o firmamento, os sequestradores e os terroristas, também, são da Frelimo.
A Lua, que ilumina as estrelas e as noites, é da Frelimo. A chuva que cai sobre as machambas, faz escer o milho, a mandioca, a mapira, a batata-doce, a cenoura, a couve, o pimento, a batata-reno, a cebola que tanto gostamos na nossa alimentação, pertencem à Frelimo. Tudo que existe, em e sobre Moçambique, pertence à Frelimo.
Daniel Chapo esqueceu-se de dizer que os raptos que prevalecem desde 2012 são obras da Frelimo. Os assassinatos politicos são feitos pela Frelimo. É assim como pensa a Frelimo. É assim como pensa o candidato da Frelimo. O aviso chegou e ouviu quem quis ouvir. Ninguém se vai queixar dizendo que não sabia ou que não tinha sido avisado de que tudo que disfrutamos, na nossa terra, pertece à Frelimo. Por isso, temos que estar, eternamente, gratos. Nada poderíamos ter, na nossa terra, sem a Frelimo.
Quem tem a Frelimo do seu lado, tem tudo e mais alguma coisa. Pode ser chefe desde do nível básico até ao mais alto cargo na administração pública, mesmo sendo um incompetente e incapaz. Isso não importa. O que conta não é a competência. O saber fazer não entra nas contas para ocupar um grande cargo na administração pública.
A competência, enquanto tudo for da Frelimo, não provém da escola nem do saber fazer, porém, apenas da confiança política. A condição para ocupar um cargo de responsabilidade na administração pública é ser membro da Frelimo. Antes da Frelimo Moçambique era um deserto. Até a esposa dele vai repetindo essa besteira.
O gás, que promete alavancar a economia do país, é da Frelimo. Os rubis de Montepuez, que encantam o mundo e enchem os bolsos de pessoas do regime, são pertenças da Frelimo. Os jazigos de grafite, que são exportados em bruto, são da Frelimo. As madeiras, saqueadas para China, em conluio com as elites do partido no poder, são da Frelimo. As barragens geradoras de corrente eléctrica, como a Hidroelectrica de Cahora Bassa, Mpanda Nkua, as centrais de Mavuzi e de Chicamba, pertencem à Frelimo.
Os CFM, a LAM e tantas outras que enchem de dinheiro a algumas famílias do poder, pertencem à Frelimo, conforme informou Daniel Chapo. O STAE (Secretariado Técnico de Administração Eleitoral), a CNE (Comissão Nacional de Eleições), o Conselho Constitucional, a polícia que nos prende e bate pertencem ao partido Frelimo.
Não há nada, em Moçambique, que não pertença à Frelimo, por isso, o país está empobrecido, saqueada e vive dependendo da boa vontade dos outros, apesar de possuir imensos recursos naturais. A Frelimo - o carpinteiro de Daniel Chapo - deu prova de que não basta um país ter recursos, é preciso o homem dotado de conhecimento. Moçambique está abarrotado de recursos, mas o povo vive na pobreza.
O livro escolar do ensino primário não chega a tempo às escolas devido a esquemas de corrupção. Para construir uma ponteca, uma sala de aulas, uma latrina melhorada, tem que pedir fundos à comunidade internacional. Para dar um copo de leite e uma fatia de pão às cranças recorre-sei à assistência de parceiros internacionais.
É por p país ser da Frelimo que temos que atravessar as fronteiras para África do Sul e Malawi à busca do que bem poderíamos produzir no nosso país. A razão desta maneira têm o nome de incompetência. Os projectos de agricultura - PROAGRIUS, MOZAGRIUS, etc., - demonstram que o país não tem políticas para sair da fome e miséria. Importamos batata-reno, cebola, tomate, couve, pimento, etc., devido à incapacidade de concebermos políticas públicas exequíveis.
A tarefa de desenhar políticas para a produção de alimentos continua a ser confiada a mafiosos e aventureiros.
Temos mais de 60 rios com curso permanente água e 36 milhões de hectares de terra arável, mas não conseguimos produzir o suficiente para nos alimentarmos. Enquanto alguns perseguem objectivos obscuros, não mataremos a fome que nos aflige. O SUSTENTA - o último lançamento do programa de agricultura mecanizada - é um exemplo concreto da máfia que capturou o Estado.
A incapacidade é a característica-base da nova Frelimo. Em 50 anos de independência, o país regrediu em todos os sectores da vida. A economia caíu abruptamente. A pobreza aumentou, indicam os vários estudos. A qualidade do ensino está no fim da linha. Os serviços de saúde são tão maus quanto insuportáveis. As cidades andam pejadas de lixo e com as ruas esburacadas. A incompetência arrasta-se desde à independência. A Frelimo não é a solução de Moçambique.
Daniel Chapo não é uma aposta acertada para resolver os problemas do país. Tudo mostra que será pior que Filipe Nyusi. Ele e a sua Frelimo, aliás, o seu "carpinteiro" se julgam exclusivos para tirar o país do subdesenvolvimento em que se encontra.