Venho expressar minha profunda preocupação e solidariedade frente aos recentes acontecimentos que têm impactado nossa cidade. A utilização de gás lacrimogêneo pela força de segurança da FRELIMO, em uma tentativa de interromper o comício do partido PODEMOS, gerou graves consequências para a saúde e bem-estar da população, além de levantar sérias questões sobre o respeito aos direitos fundamentais da nossa sociedade.
O uso indiscriminado desse tipo de repressão atinge não apenas os participantes das manifestações, mas também cidadãos comuns, famílias, crianças e idosos que estiverem nas proximidades. Muitos relatos indicam que a fumaça tóxica se espalhou por bairros residenciais, causando desconfortos respiratórios, irritações nos olhos e, em casos mais críticos, desmaios e crises de asma. O medo e a insegurança provocados por essas ações criam um ambiente de incerteza e desconfiança entre os moradores, tornando-os cada vez mais vulneráveis e distantes das garantias que uma democracia deve proporcionar.
O direito à livre manifestação é um dos pilares fundamentais de qualquer nação que se considere democrática. Independentemente de nossas convicções políticas, é vital assegurar que o debate público e pacífico seja garantido para que, como sociedade, possamos avançar rumo a um futuro de diálogo, entendimento e progresso.
O partido PODEMOS, assim como qualquer outra agremiação política, tem o direito constitucional de expressar suas ideias e reunir seus apoiadores pacificamente. Impedir esse direito por meio da força é uma afronta não apenas ao partido, mas a toda a estrutura democrática de Moçambique.
É compreensível que as autoridades tenham o dever de manter a ordem pública e garantir a segurança da população. No entanto, essa responsabilidade não deve ser cumprida à custa dos direitos individuais e coletivos. As medidas de segurança precisam ser proporcionais e respeitar os limites da lei, sempre preservando o diálogo e a mediação como principais ferramentas para resolver conflitos. A violência e a repressão apenas agravam as tensões, afastando a possibilidade de uma solução pacífica.
É também essencial questionar a estratégia política atualmente empregada. Reprimir um comício de um partido de oposição transmite uma mensagem de intolerância e medo, em vez de promover a pluralidade de ideias e a participação ativa dos cidadãos no processo político. Não é viável construir uma nação forte e unida tratando partidos e seus apoiadores como inimigos, ao invés de reconhecê-los como partes essenciais de um sistema político pluralista e dinâmico.
Por isso, faço um apelo a todos os cidadãos de Teté, líderes comunitários, autoridades e partidos políticos: é hora de refletir sobre o tipo de sociedade que queremos construir. Desejamos uma nação onde a diversidade de pensamentos seja silenciada pela força? Ou queremos um país onde o debate pacífico e respeitoso possa florescer, permitindo que as melhores ideias prevaleçam?
É crucial que a liderança da FRELIMO, enquanto partido no poder, reconheça sua responsabilidade em promover um ambiente político saudável e inclusivo. Isso implica garantir que todos os partidos, independentemente de sua representação, tenham o direito de se manifestar e buscar apoio popular. Quando um partido sente que sua voz está sendo silenciada, todos os cidadãos perdem, pois o equilíbrio de poder tão essencial para o funcionamento de uma democracia é comprometido.
Por fim, quero deixar uma mensagem de esperança. Apesar das dificuldades e tensões que enfrentamos, tenho plena confiança na capacidade do povo moçambicano de superar os desafios por meio do diálogo e da colaboração. Nossa nação é rica em cultura, história e recursos, e possui a força necessária para enfrentar essas adversidades. Que os acontecimentos em Tete nos lembrem de que, ao permanecermos unidos na busca por justiça, paz e igualdade, conseguiremos construir um futuro mais promissor para todos.
Que a paz reine em nossa amada cidade, e que o respeito aos direitos humanos e à democracia seja sempre nossa guia.