Por Edwin Hounnou
Chegam-nos notícias de grandes preocupações sobre práticas recorrentes de intolerância política por parte de membros do partido governamental e de seus simpatizantes. O candidato da Renamo, por duas vezes foi impedido de ficar hospedado em estâncias turísticas, durante a campanha ora em curso, para as eleições de 09 de Outubro próximo. Messmo depois da reserva e tudo pago, quando chega o momento de ocupar os quarto, recusam-lhe a acomodação acomodação, alegando a falta de espaço.
Essa postura de agentes económicos e activistas do partido no poder tem sido recorrente durante o tempo da campanha eleitoral. A Frelimo ainda não se apercebeu de que Moçambique é de todos os moçambicanos.
Tal postura, para além de antidemocrática, caracteriza o comportamento deignorantes e buçais imbuídos de espírito dominador de sociedades antigas, atrasadas e monopartidárias.
Acreditamos, piamente, que os agentes económicos agem de tal modo por incitação ou instruídos por graúdos do partido no poder. Esses bosçais, para demonstrarem a sua fidelidade à Frelimo e, assim, poderem encaixar algumas migalhas que caiem da grande mesa do governo.
Esses que andam a vandalizar bandeiras e símbolos de partidos da oposição, depois de confirmados os seus patrões como vencedores, não serão permitidos se agacharem debaixo da mesa onde decorre o grande manjar. Eles se batem por coisas que não conhecem.
Esses tipos se comparam a cães de caça que tanto se batem pela mata para, depois, se alimentarem de ossadas e restos que sobram da mesa do grande patrão. A intolerância que veneram visa intimidar o oponente de quem lhe atira um pedaço de carne, uma camiseta e um copo de sumo.
Em 2009, a caravana de Daviz Simango, viveu momentos de intolerância extrema protagonizada por indivíduos ligados ao partido Frelimo. Saindo de Maputo, foi difícil a caravana de Daviz Simango "furar" a Vila da Macia para Chókwe. Um grupo de frelimistas aguardava, munido de com paus e outros instrumentos contundentes, a chegada de Daviz Simango que foi recebido por violência extrema para que não continuasse viagem á Chókwe.
Os "madgermanes", que protegiam a caravana, responderam à violência dos frelimistas com a mesma intensidade. Depois de uma dura batalha campal com fortes golpes que resultou em feridos graves. Para o ridículo, o Comando Provincial da PRM de Gaza havia destacado para proteger a caravana duas jovens polícias que, quando a violência comecou, se esconder em viaturas da caravana. Os que tentaram perseguir, tiveram que pagar uma factura bem pesada.
Ao fim do dia, já para entrar na cidade de Xai-Xai, a polícia aguardava a chegada da caravana na outra margem, exigindo que Daviz Simango entregasse às autoridades policiais os que responderam a violência dos intolerantes frelimistas. Isso não podia acontecer. Depous de quase três horas de espera da permissão, com chamadas telefónicas intermitentes, finalmente Daviz Simango e sua caravana passaram para Praia de Xai-Xai onde foram pernoitar.
Os frelimistas organizaram um grupo de "actividades culturais", com instrumentos musicais como batuques, ferros e latas, foram "presentiar" os visitantes, durante toda a noite, junto à casa onde estava hospedado Daviz Simango.
Ninguém conseguiu dormir naquela noite. A polícia não fez nada. Ficou a assistir. Parecia ter havido um "combino" entre aqueles disordeiros e a polícia. Não se insurgiu contra aqueles indivíduos por estarem a incomodar o candidato e seus acompanhantes. É essa gente que vem com o discurso de reconciliação. Uma mentira! A Frelimo está endiabrada.
Na Zambézia, depois de tanto se bater para encontrar um local onde pudesse fazer comício popular, na Vila de Alto Molócuè, Daviz Simango dirigiu-se à Gilé, onde chegou por volta das 22h e debaixo de uma chuva torrencial.
A pensão onde a caravana teria que passar a noite, com reservas feitas, incluindo os pagamentos, estava encerrada, por ordens da Frelimo. Os padres católicos do Gilé recolheram a caravana para o interior da igreja. No dia seguinte - domingo -, a intolerância política foi o tema abordado na homilia da missa. Quando a caravana se aproximava da Vila do Gilé, desligaram a corrente eléctrica e as comunicações de telefonia móvel, incluindo a internete.
Em Lichinga, foi uma outra estória. Daviz Simango teve que transpirar muito para encontrar ter um espaço de comício. Todos os lugares estavam ocupados pela OJM a jogar futebol, outro ocupado pela OMM, outro ainda ocupado por "madalas" da ACLIN dançando ao som de cançõesrevolucionárias. Era mesmo terrível!
Pediu-se a polícia para que repartisse um dos campos e ficasse no meio entre MDM e a Frelimo que tocava batuque para tornar o comicio inaudível. A Frelimo age como se tivesse o título de propriedade do país. A canção deles tira todas as dúvidas quando dizem, numa das estrofes, que "quem não é da Frelimo, o problema é dele". Alguém discriminado por não ser da Frelimo ou discordar da sua maneira como vem governando o país.
A caravana de Daviz Simango voltava de Nangade para Mueda, em Cabo Delgado, caíu numa emboscada de pedradas. Os tipos depois de atirarem, puseram-se em fuga. No dia seguinte, a caminho de Muidumbe, voltou a cair noutra emboscada de indivíduos munidos de azagaias.
A situação por que Ossufo Momade passou não é novo. A Frelimo sempre agiu desse modo. Não serão eleições que vão fazer mudar a maneira de agir da Frelimo. O voto não muda a política. Passam 30 anos que o país faz eleições multipartidárias e a Frelimo continuam inalterável. O padrão comportamental da Frelimo foi, é e sempre será o mesmo até à sua derrocada do poder.
CANAL DE MOÇAMBIQUE – 18.09.2024