ten-coronel Manuel Bernardo Gondola
O que Gramsci entende [nos ensina] é, que, se você considerar a economia, se você considerar o poder de Polícia e se você considerar a cultura a ’chance’ que as forças revolucionárias têm é a revolução.
Gramsci, nos ensina que a 'dominação' como qualquer boa 'dominação’ ela encontra dois pilares ou você exerce o poder porque é + forte ou você exerce o poder, porquê não precisa usar da força o “dominado” está “convencido” que é você que tem que mandar; você tem ai uma “proposta” muito clara de “estratégia” revolucionária pela cultuara.
A título de exemplo, vamos “imaginar” que você tenha por parte das forças conservadoras um artista popular x; o mundo da revolução pode 'propor' um artista popular y 'capaz de enfrentá-lo' com muito + facilidade do que seria enfrentar a Policia. O mundo conservador, ou seja, àquele que pretende 'conservar' a dominação burguesa tem um Director de teatro, um Director de teatro tão bom quanto ou melhor; o mundo da revolução tem o escritor, nós podemos ter um escritor y tão bom quanto ou melhor, nesse caso um “enfrentamento” no âmbito cultural
Em que 'consiste' então a cultura? A cultura diz respeito a tudo aquilo que na vida de homens e mulheres “compreende” a relação com o que não existe ainda, e… porque não existe ainda, não existe provavelmente, a cultura é a 'relação' do homem com o que não tem existência material imediata. Vamos dar um exemplo, para você 'entender' o que eu estou 'propondo': a educação é uma questão cultural, porquê? Porque o jovem educado ele ainda não existe, a religião é uma questão cultural, porquê? Porque lida com um Deus que é uma ideia, que é uma proposta intelectiva e espiritual, mas quê não tem existência material, portanto precisa ser simbolizado.
Por isso, a cultura é sempre actividade de homens e mulheres que trabalham em cima de símbolos que estão no lugar de realidades inexistentes, então não é por acaso que a linguagem é o primeiro degrau sempre porque a linguagem é a forma + rica de simbolizar uma realidade que não se encontra ali.
Então, naturalmente tudo que é da ordem de representação, tudo o que é da ordem de belas artes são questões culturais, porquê são símbolos no lugar de realidades que não estão imediatamente presentes e… veja, isso significa “propor” um tipo de Revolução sem “derramamento sangue” e ai é uma outra importante diferença do pensamento de Gramsci. Não é na “porrada” porque tem muito proletário e pouco burguês que o proletário vai tomar o poder, isso não acontecerá diz Gramsci, não acontecerá; a chance de tomar o poder é “ocupando” posições sociais legítimas no âmbito da produção cultural.
Em outras palavras, a título de exemplo, você tem “acesso” às escolas por intermédio dos professores, isso pressupõe Directores aderidos, isso pressupõe superintendentes aderidos, isso pressupõe um Ministro aderido e…isso pressupõe um Presidente aderido. Quer dizer, veja que 'interessante' a luta pelo 'controle ideológico' da escola implica uma disputa política presidencial.
Então, é isso que Gramsci sugere [nos ensina]; sugere que é o proletariado tenha 'condições' de enfrentar a burguesia nas 'disputas' de Postos de poder quê estão teoricamente ao seu alcance e que podem pouco a pouco “tolerar” a presença do proletariado como instância 'detentora' de algum poder.
Você vê, é realmente uma «guerra de posição», é uma guerra aonde você vai ocupando Postos 'devagarinho' é quase quê uma Revolução silenciosa, é uma Revolução tranquila, quer dizer, tranquila em que sentido, no sentido militar do termo? Não! Mas… é uma Revolução de 'disputas' simbólicas antes de qualquer outra coisa.
Certamente, essa é a primeira ideia que eu acho é importantíssima, é uma chave do Castelo súper importante, porquê Gramsci “sugere” quê a partir de uma vitória no âmbito da cultura que poderá haver uma “subversão” de classe.
N:B- A resistência passiva de Gandhi é uma «guerra de posição», que se torna guerra de movimento [luta armada] em certos momentos e, em outros, guerra subterrânea, o boicote é uma guerra de posição, as greves são uma guerra de movimento, a preparação clandestina de armas e de elementos de combate destinados aos ataques é uma guerra subterrânea. Há uma forma de ‘arditismo’, mas que é empregada com muita ponderação.
- Espero ter reproduzido correctamente a recomendação de António Gramsci, de outro modo, estou obviamente disposto a corrigir-me.
Manuel Bernardo Gondola
Maputo, aos [17] de Outubro, 20[24]