Os recentes relatos de incursões terroristas em aldeias de Mocímboa da Praia, assim como na sede distrital, estão a fazer ressuscitar o cenário de medo e pavor no seio dos residentes daquele que foi o distrito mais visado pelas acções terroristas, que fustigam o país desde Outubro de 2017.
Uma publicação do Media Fax refere que o ambiente de apreensão e receio não só se limita ao espaço geográfico de Mocímboa da Praia, pois estende-se para outras regiões, particularmente numa altura que se sabe que os terroristas que têm estado a ser acossados ao longo da costa de Macomia têm estado a tentar dispersar-se por outras regiões da província.
A emboscada, cerca das 22 horas de sábado, de uma patrulha das Forças de Defesa do Ruanda (RDF na sigla em inglês) foi o episódio mais sério e que fez disparar os alarmes de segurança nas regiões atingidas pelo terrorismo e, de forma particular, o distrito de Mocímboa da Praia. Aliás, o facto de os grupos terem entrado até ao perímetro autárquico de Mocímboa da Praia, território altamente monitorado pelas temidas forças ruandesas, mostra a grande ousadia dos grupos atacantes.
De acordo com a mesma publicação, antes do ataque de sábado, relatos de vários distritos já indicavam a circulação, algo intensa, de grupos terroristas, o que foi associado à fuga a que são obrigados a recorrer face ao que se considera “intensos” bombardeamentos e perseguição que está a ter lugar na costa de Macomia. Nisto, houve, igualmente, relatos de circulação de terroristas na zona de Matapate, distrito de Palma, Litamanda, em Macomia, entre outros locais.
Há ainda indicação de que, depois da emboscada à patrulha ruandesa, o mesmo ou então outro grupo ter escalado a aldeia Chimbanga.
“Conversaram com jovens e disseram que apenas iam visitar. De seguida levaram alguns produtos nas barracas e disseram que qualquer dia voltarão. Esta situação coloca preocupação aos residentes da vila de Mocímboa da Praia” – relatou, nesta segunda-feira, uma fonte local, citada pelo Media Fax.
Entretanto, os canais de propagada do Estado Islâmico, entidade na qual estão afiliados os terroristas que actuam em Cabo Delgado, já reivindicaram a incursão na sede distrital de Mocímboa da Praia.
A publicação avança que atacaram com metralhadoras, uma patrulha das forças cruzadas do Ruanda, na vila de Mocímboa da Praia. Segundo a publicação, a emboscada “provocou a morte e ferimentos de vários deles”. As mortes e feridos no seio das forças ruandesas, que estão em Cabo Delgado em apoio às Forças de Defesa e Segurança de Moçambique, ainda não foi confirmada por qualquer fonte independente, nem de fontes locais. A morte relatada é de uma adolescente de 16 anos, baleada na troca de tiros entre os terroristas e as forças ruandesas.
Há dias, o grupo reivindicou, igualmente, ter sido responsável pela colocação do engenho que explodiu depois de accionado por um camião, no troço entre as aldeias Antadora e Chinda, em Mocímboa da Praia. A publicação do Estado Islâmico era acompanhada por um vídeo que mostra o exacto momento em que a explosão teve lugar.
MZNews - 03.09.2024