A crise de electricidade na Zâmbia intensificou-se, com as famílias a não receberem mais do que três horas de fornecimento diário, depois de a pior seca das últimas décadas ter reduzido a produção de energia hidroeléctrica, que representa cerca de 85% da produção.
A Zesco Ltd., a empresa pública de electricidade, tem dependido de importações através da vizinha Namíbia para atenuar o défice, e uma falha na linha de transmissão significa que só pode transportar menos de um quarto dos 160 Megawatts (MW) previstos, afirmou a estatal num comunicado no domingo (1). Esta situação provocou níveis de apagões sem precedentes, ainda piores do que o previsto.
A seca induzida pelo fenómeno climático El Niño já dizimou metade das colheitas de milho da Zâmbia e levou o Governo a reduzir a sua previsão de crescimento económico para 2024 de 4,8% para 2,3%. Uma escassez de electricidade mais grave do que o previsto poderá prejudicar ainda mais o desenvolvimento e aumentar a inflação no segundo maior produtor de cobre de África, que ainda está a sair de uma dolorosa e prolongada reestruturação da dívida.
O défice de electricidade do país tem vindo a agravar-se gradualmente desde Março, quando começaram os apagões diários. Nas últimas semanas, os trabalhos de manutenção na única central termoeléctrica a carvão do país intensificaram a escassez, cortando 150 MW da rede.
O Estado poderá ter de encerrar totalmente a produção da barragem de Kariba, o maior reservatório artificial de água doce do mundo, uma vez que a Zesco está a esgotar rapidamente a sua dotação anual de água.
O Governo tem procurado proteger a indústria mineira do cobre, que representa cerca de 70% das receitas de exportação, e os operadores estão a contentar-se com importações dispendiosas.