Assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, afirmou que Caracas não respeitou a transparência nas eleições
O Governo da Venezuela convocou na manhã desta quarta-feira, 30, o seu embaixador no Brasil para consultas, um dia depois de o assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, ter dito numa audiência pública na Câmara dos Deputados que o Governo de Nicolás Maduro não havia respeitado o princípio da transparência nas eleições.
Depois de convocar o represantes em Brasília, Manuel Vadell, o Governo venezuelano convocou o encarregado de negócios brasileiro em Caracas, Breno Hermann para dar explicações.
Desde as eleições de julho, consideradas fraudulentas pela oposição e por observadores internacionais, que levaram a maioria dos países a não reconhecer a vitória de Maduro, aguardava-se um posicionamento do Governo brasileiro, que se recusava em reconhecer, mas também em condenar.
Na semana passada a crise diplomática agudizou-se depois de o Governo do Presidente Lula da Silva ter-se oposto à entrada da Venezuela no BRICS, o grupo de países emergentes liderados por Brasil, Rússia, Índica, China e África do Sul.
Na terça-feira, 29, numa audiência pública na Câmara dos Deputados, o assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, disse que a Venezuela não havia respeitado o princípio da transparência nas eleições.
"Houve uma quebra de confiança dentro do processo eleitoral, porque nós apostamos muito em determinada coisa, algo nos foi dito e não foi cumprido”, afirmou o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, reiterando que Caracas "não havia respeitado o princípio da transparência nas eleições".
Na audiência, um dos mais próximos de Lula da Silva reiterou que "o Brasil não reconhece a eleição do Presidente Nicolás Maduro, até que sejam apresentados os resultados desagregados".
Em nota, o Governo da Venezuela afirmou que Amorim se comporta "como mais um mensageiro do imperialismo norte-americano, dedicou-se de forma impertinente a emitir julgamentos de valor sobre processos que cabem apenas aos venezuelanos".
Do lado brasileiro, o Executivo optou pelo silêncio e por manter a embaixada em Caracas a funcionar normalmente.
O Ministério das Relaçõex Exteriores do Brasil anunciou que vai acompanhar de perto o processo envolvendo o resultado eleitoral, mas a “solução precisa ser construída pelos venezuelanos”.
Celso Amorim destacou na ocasião que o Brasil está “aberto” para contribuir se Governo e oposição venezuelanos estiverem dispostos.
VOA - 31.10.2024
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