Por Fátima Mimbire
As eleições não correram bem. Houve sabotagem, enchimento de urnas, invalidação intencional de votos, intimidação, violência e falsificação de editais. E Isso afecta a credibilidade do processo, na generalidade, e tem impacto no número de assentos nas Assembleias Provinciais e na Assembleia da República.
Porque a fraude é inviável diante da participação massiva dos eleitores, tudo isso não deu vitória à Frelimo e estão a tentar modificar os resultados, prejudicando-nos ainda mais.
Intencionalmente, não irei falar de números para poder desmarcar qualquer tentativa de desvirtuar os resultados, em momento oportuno e no fórum próprio.
Apesar disso, pela tendência dos votos, há que reconhecer que o povo, no exercício do poder soberano que lhe é garantido pela Constituição da República, fez uma escolha para o governo da província de Maputo. E a escolha não fomos nós e o nosso programa de governação. Ainda que seja doloroso, porque realmente queríamos governar, confiámos na escolha do povo, e a respeitamos.
O povo escolheu o Venâncio Mondlane e, por isso, votou na lista do Podemos. É irrefutável a vitória e há que dar a César o que é de César.
Espero que o Podemos faça jus à confiança que mereceu do povo e lute até ao último minuto para honrar essa confiança. Espero, ainda, que dê exemplo de boa governação, porque se governa mal, neste país. Por um lado, por descaso e impunidade, e, por malignidade reveladas pela corrupção, intolerância, negligência, arrogância, ódio, retaliação e exclusão, por outro. Esquecem que somos filhos desta terra.
Estou profundamente feliz, porque um dos maiores círculos eleitorais do país acaba de ser liberto das mãos da Frelimo. Isso dá-me muita paz e gozo. Espero que a Frelimo, que tem Chapo como Secretário-geral, que diz que é contra a corrupção, seja fiél ao que disse ao longo dos 45 dias, e deixe que, aqueles que o povo escolheu governem, de facto. E que os assentos parlamentares e para a AP conquistados pela oposição seja respeitados. Será o primeiro teste de seriedade.
Agradeço a todos pelo apoio. Sinceramente, senti-me amparada, aprendi muito e guardo memórias que um dia serão partilhadas. Os votos depositados na urna não foram suficientes para "fazer-me" governadora, mas são suficientes para continuarmos a luta noutro lugar, igualmente, importante.
A luta continua, até que este país seja verdadeiramente livre e viável.