A FRELIMO está em coma. De cada vez que insufla o ar para respirar, como uma corda que se estica até ao último suspiro, em desespero de causa, solta gritos agónicos, recorrendo a toda a espécie de manobras e artifícios para adiar o seu inevitável fim. A FRELIMO está em coma, e com ela, a democracia definha. A cada pulsar, há mais repressão, mais silenciamento. O último fôlego que se arrasta a qualquer custo é pago com o preço da liberdade. E, enquanto geme, antes de soltar o derradeiro suspiro, lança os seus mortíferos capatazes da Polícia, com os seus cães de guarda, os seus capatazes da Procuradoria da República, da Comissão Nacional de Eleições (CNE) e do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE), que, como feras à solta, alimentam-se da carne do povo.
A FRELIMO está em coma, mas tenta sobreviver através de mãos alheias. Os tentáculos que a irmanam — parte dos professores que a ela se atrelam em silêncio, os funcionários públicos instrumentalizados e outros seus paus-mandados — conspiram para manter a respiração artificial, através de dilatórias manobras de prolongar a sua sobrevida. A cada eleição, enchem as urnas com votos que não são dos vivos, mas dos fantasmas da manipulação. Tentam, em vão, ajudá-la a inalar o ar, mas o efeito é sufocante para a nação.
A FRELIMO está em coma, e o país mergulha na depressão. O povo assiste, impotente, enquanto o moribundo se arrasta entre artifícios e mentiras, com novos mortos, sangue derramado e prisioneiros nas suas cadeias, dia após dia. Todo o esforço de reanimar a FRELIMO resulta num golpe de violência que degenera num rio de sangue imparável por todo o país, do Rovuma ao Maputo, do Índico ao Zumbo. Não há paz nos corações, apenas medo, enquanto o Estado espreme até à última gota de esperança.
A FRELIMO está em coma. Por mais que tentem usar fórmulas de autoritarismo, contra os direitos humanos e as liberdades civis e democráticas, não tarda o último suspiro. A FRELIMO acabará por arrastar os seus aduladores e capangas para o abismo e, neste coma, cairá com todos os seus tentáculos, como dita a lei da vida. No país, já se ouve quase a sua despedida, enquanto o bando dos seus aduladores a mantém suspensa, para que a sua queda não seja demasiado estrondosa. Toda a campanha de enchimento de urnas, de produção de editais falsos, é apenas uma manobra para prolongar a sua agonia.
A FRELIMO está em coma, e de coma jamais sairá. Suponhamos que os seus heróicos aduladores consigam prolongar este estado: os resultados estarão sempre à vista e serão indissociáveis — mais corrupção, mais pobreza, perderá mais eleições e sairá do poder humilhada e cabisbaixa, como o colonialismo. De nada vale à FRELIMO resistir. De nada vale à FRELIMO atrelar-se às instituições com poder coercivo, pois enquanto gera violência oculta, os seus suportes, feitos de barro, também se desmoronarão.
Os alicerces da FRELIMO sofreram um abalo nestas eleições do qual jamais se recomporão. As vigas da FRELIMO padecem de fissuras e a única forma de a suportar são as atrocidades que encena contra o próprio povo. Por mais que chamem as suas raposas para o defenderem, a ovelha negra da FRELIMO, opressora do povo, está em coma, e o seu fim é inevitável.
Gaspar Sarmento Alfândega
18/10/2024