O posto policial de Chalaua, em Nampula, no norte de Moçambique, foi invadido no domingo durante confrontos entre agentes e a população, disse hoje fonte policial, referindo que a situação já se encontra normalizada.
"Confirmamos que os indivíduos, a população daquele posto administrativo, invadiu o nosso posto policial, mas tudo se fez para garantir a segurança do posto policial", disse Dércio Samuel, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Nampula, durante uma conferência de imprensa naquela província.
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram agentes da polícia moçambicana em confrontos com populares, que atiram pedras ao posto policial de Chalaua, após incendiar uma viatura das autoridades no local. Nas imagens há também um agente de joelhos a pedir perdão aos populares e um outro a lançar de volta as pedras.
Num outro vídeo, também de confrontos registados no domingo (27.10), um jovem segura uma metralhadora AK47 supostamente pertencente à PRM.
"A questão da arma, ainda há um trabalho para se aferir se, de facto, esta arma pertence à nossa força. Ou seja, se a mesma arma foi retirada do posto policial de Chalaua", disse Dércio Samuel.
O porta-voz da PRM assinalou ainda um regresso à normalidade no posto administrativo de Chalaua, referindo que a situação está "estável" após os confrontos.
Manifestantes montaram barricadas em MaputoManifestantes montaram barricadas em Maputo
Resultados eleitorais
Um pouco por todo o país foram registadas manifestações desde segunda-feira (21.10), maioritariamente violentas, em protesto contra os resultados das eleições de 09 de outubro, após convocação de paralisações pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não aceita os resultados, que dão vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), no poder.
Além de Mondlane, o presidente da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO, atual maior partido da oposição), Ossufo Momade, um dos quatro candidatos presidenciais, disse que não reconhece os resultados eleitorais anunciados pela CNE e pediu a anulação da votação.
O candidato presidencial Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), recusou igualmente os resultados, considerando que foram "forjados na secretaria", e prometeu uma "ação política e jurídica" para repor a "vontade popular".
O Centro de Integridade Pública (CIP), uma organização não-governamental moçambicana que monitoriza os processos eleitorais, estima que dez pessoas morreram, dezenas ficaram feridas e cerca de 500 foram detidas, no contexto dos protestos e confrontos durante a greve e manifestações de quinta e sexta-feira (24 e 25.10).
LUSA – 28.10.2024