ten-coronel Manuel Bernardo Gondola
E…se vocês me dão licença, façamos algumas perguntas para “entendermos” melhor o que tem acontecido desde [7] de Outubro do ano passado e qual o cenário actual.
Primeira questão. A acção do HAMAS em [7] de Outubro foi legítima ou terrorista?
Para responder esta pergunta, se quer as Nações Unidas [NU] “consideram” o HAMAS um grupo terrorista, pela razão dessa Organização ter 'vencido' as eleições legislativas palestinianas de 20[06] e ser Governo legítimo da Faixa de Gaza. O HAMAS não é apenas uma formação militar; o braço armado do HAMAS é as «Brigadas Al Kassan», mas além de uma formação militar o HAMAS é também um Partido político que 'disputa eleições' , que disputa e que “venceu eleições” e uma entidade social, de caridade social que 'construiu' ao longo dos tempos, desde que foi fundado o HASMAS uma rede vasta de Hospitais, Escolas e outras Organizações sociais que justificam, que explicam grande parte do “prestígio” do HAMAS junto ao povo palestiniano.
Do ponto de vista da legislação internacional conforme determina a Resolução 31[03] das NU aprovada em 19[73] e depois “ratificada” por várias outras Resoluções; os 'povos colonizados' têm o direito de 'recorrer' a todas as formas de luta contra os regimes coloniais incluindo a luta armada. Ao contrário não há qualquer “protecção” para que Estados coloniais, como é o caso de Israel exerçam a violência em carácter ofensivo ou defensivo para preservar uma relação de dominação, o colonialismo que é estritamente “proibida” pela Carta das NU.
Desde 19[67] há uma Resolução das NU de número [242] que “obriga” o regime sionista a “desocupar” ao menos os territórios conquistados ilegalmente na guerra dos seis dias que ocorreu de [5] a [10] de Julho de 19[67], esses territórios conquistados ilegalmente incluem a Faixa de Gaza , a Cisjordânia e Jerusalém Oriental.
O regime sionista há + de [57] anos “desrespeita” essa Resolução e suas ratificações, a Comunidade internacional 'bloqueada' pelos interesses estratégicos dos Estados Unidos [EU] “cruzou os braços” diante dessa situação de bárbara opressão colonial, o povo palestiniano e suas Organizações há muito tempo estão por sua própria conta. Falidas todas as tentativas diplomáticas graças a sabotagem do sionismo e seus 'aliados' e o que restou a resistência palestiniana foi a insurgência, a rebelião, o levante armado como aconteceu em [07] de Outubro do ano passado.
De facto, muitos 'inocentes' morreram naquele dia, sempre se deve “lamentar” a morte de civis ainda quê esses civis façam parte dum Estado colonial como é o caso de Israel, mas não 'acreditem' na versão israelita do [07] de Outubro em grande parte 'desmentida' pela própria imprensa daquele país. Muitas das mortes forma 'causadas' pelo próprio Exército sionista quê accionou o famoso «mecanismo Hannibal» preferindo ver seus soldados e cidadãos mortos pelas próprias armas israelitas do que serem “capturados” pelas forças insurgentes lideradas pelo HAMAS.
Histórias sobre mortes de bebés e estupros não passaram de “contrapropaganda” , diversas das pessoas catalogadas como civis eram soldados e soldadas eventualmente sem uniforme militar naquela data, quem quiser ter uma “visão” bastante seria sobre o que aconteceu no [07] de Outubro, incluindo barbaridades eventualmente cometidas naquele dia, assistam um Documentário da «Al Jazira» pode ser encontrado no yutoube com legendas ou dublado em português , um Documentário chamado «Sete de Outubro» e ali vocês verão uma versão muito + concreta , muito + 'crível' sobre o que aconteceu há um ano atrás.
No +, as Forças Armadas israelitas têm armas “altamente sofisticadas”, além de Serviços de Inteligência dos + 'modernos' que permitem a Israel “diferir” detalhadamente entre civis e combatentes, mas Israel deliberadamente apesar de ter os meios tecnológicos de “separar“ civis e combatentes como seus alvos, Israel deliberadamente não faz essa separação. As armas do HAMAS e das demais Organizações resistentes, no entanto, estão longe de ter essa sofisticação, além da ”raiva acumulada“ de um povo 'pisoteado' por + de [75] anos normalmente levar a exageros nesses momentos de enfrentamento.
Logo, “exigir” da resistência palestiniana uma 'exactidão' em seus alvos, epháaa… perdoem-me aqueles que se sintam ofendidos; “exigir essa exactidão” da resistência palestiniano não passa de conversa mole e desculpa “esfarrapada” para favorecer o regime sionista.
Finalmente, nós somente podemos “compreender” a acção do HAMAS em [07] de Outubro do ano passado se “olharmos” para as décadas anteriores de humilhação, violência e opressão conseguidas “matanças” de civis palestinianos durante anos. Desde 20[07] a Faixa de Gaza foi “transformada” no maior Campo prisioneiro do mundo, no gueto de Varsóvia do povo palestiniano. Mais de 85[00] palestinianos foram assassinados pelo regime sionista antes do [07] de Outubro, apenas entre 20[07] e 20[23] quase sempre através de punições colectivas e bombardeamentos cegos como os que temos assistido no último ano.
Obviamente, a “operação” do HAMAS em [7] de Outubro está “coberta de legitimidade” mesmo quê tenha havido violações dos direitos humanos e das leis de guerra, delitos que devem ser 'criticados e condenados', mas que não alteram a natureza da acção um levante armado 'justificado e assentado' sobre o direito internacional com alvos militar e administrativos pertinentes 'apesar' de efeitos colaterais condenáveis.
Essa definição envolve também a captura de reféns na medida em que o Estado sionista tinha em suas mãos até o [7] de Outubro + de [5] mil palestinianos em condições análogas às de reféns, boa parte desses [5] mil reféns civis e menores de idade.
Repare, a guerra de libertação não é um 'processo limpo e indolor', infelizmente como nós podemos ver na história dos povos incluído a luta do povo dos EU contra o colonialismo britânico. Mas… a alternativa a “travar” essa guerra de libertação o outro caminho seria qual? Se “render” às metrópoles coloniais e aceitar a “submissão infinita” como forma derradeira de vida? Isso é alternativa? Não! Os povos coloniais não tem outra alternativa que não seja a guerra de libertação e, a guerra de libertação é um 'processo dolorido', é um processo complexo, é um processo no qual infelizmente inocentes também pagam para que o povo colonizado possa se libertar do colonialismo.
Cont.
Manuel Bernardo Gondola
Maputo, [16] de Outubro, 20[24]