ten-coronel Manuel Bernardo Gondola
A relação entre ética e política sempre foi bastante ”conflituosa“ e até hoje é bastante ”problemática“; o primeiro pensador a pensar de facto essas duas “estruturas” de formas separada foi o Maquiavel. Mas, qual é actualidade de Maquiavel? Qual importância que Maquiavel tem para o pensamento político hoje?
O Maquiavel ficou bastante “conhecido” por dissecar a realidade do jogo e da dinâmica da política, a vez de tratar, a política de forma ideal, de forma idealizada como fizeram os antigos e os medievais o Maquiavel tenta dar um 'olhar' bastante realista para política, para dinâmica envolvida na política.
Destarte, há quem diga que ele “criou” um grande Manual, o Príncipe “considerado” por muitos uma “apologia imoral” de como um governante deveria se 'manter' no poder; o quê o governante 'deveria' fazer para se 'manter' e se 'perpetuar' no poder, mas… há também aqueles que 'acham' que sua Obra serviu como um “grande instrumento” para 'alertar' o povo sobre o que realmente há por detrás do jogo da política.
Obviamente, quando agente fala de Maquiavel 'vem' na cabeça de muitas pessoas a seguinte frase: “os fins justificam os meios”, a verdade é que, essa frase não está presente em nenhum livro de Maquiavel, mas… embora não esteja presente em nenhum livro de Maquiavel, ela sintetiza muito bem a “essência” do pensamento de Maquiavel, a “essencial” do pensamento político de Maquiavel e… ai que entra em jogo dois conceitos importantes e “essências” para o pensamento político de Maquiavel que são os conceitos de “virtude” e “fortuna”.
Repare, para o Maquiavel o conceito de “virtude” é + importante do que o conceito de 'sorte' dado que para o Maquiavel, o Príncipe “virtuoso” diferente do que acreditavam os antigos e medievais não é aquele que 'carrega' conceitos ou valores como bondade, companheirismo e fidelidade nada disso! Para o Maquiavel a “virtude” estava em “conseguir” se “adaptar” as circunstâncias, se “adaptar” àquilo que é “fortuna”; a 'sorte' ou acaso jogam diante de um governante.
É claro quê isso não significa que o Príncipe deve ser 'desleal' , 'indigno' nada disso! Mas, quê a sua “perspicácia” é muito + útil no jogo político do que a sua 'bondade' por exemplo. Ou seja, para o Maquiavel a “virtude” é saber 'agir' correctamente segundo as circunstâncias não tendo “valor moral” por base, mas sim “valor político”, uma moralidade política que te faça obviamente “perceber” o bem da colectividade, mas… sobretudo se 'manter' no poder.
E… para-se 'manter' no poder o Maquiavel nos “ensina” inclusive é ‘permitido’ usar da força e da violência. “Afinal é preciso em muitos casos ser violento para se 'manter' no poder”, quer dizer, o Maquiavel não faz nenhum 'demérito' disso, pelo contrário aqui vale usar da “violência” sim, pois, se manter no poder é uma das “existências” do jogo político e… aqui temos uma outra 'famosa' frase associada ao Maquiavel, a seguinte frase: “é melhor ser temido do que amado.”
Você vê, para o Maquiavel, o 'amor' é um sentimento bastante inconstante [passageiro] e muito 'fluido' e que está ligado muito aos “interesses”, quer dizer, agente 'ama' uma pessoa quando ela nos é útil e…logo agente 'deixa de amar' se essa relação for [ficar] um pouco 'conturbada', o mesmo não acontece por exemplo, com o 'temor' . Diferente do 'amor' o 'medo' de ser castigado por exemplo, o 'temor' com relação a pessoal é muito + difícil de ser perdido, ou seja, a pessoal 'teme' o outro e esse 'temor' seria uma das “estruturas” + fortes por exemplo de “manutenção” de poder.
De facto, todas as observações [ensinamentos] de Maquiavel tinham no fundo a “ideia” de mostrar [nos ensinar] quê o que interessa no jogo político não é exactamente as “virtudes principescas” ou ser um “cara” bom de coração; nada disso! Na verdade, a “essência” da política, do jogo político, do poder político é o bem da colectividade, mas… sobretudo a “manutenção” e “perpetuação” no poder.
Em suma, você vê, o Maquiavel ainda é importante hoje, porquê? Porque é dele que vem a “raiz” da leitura realista da política, ou seja, de “pensar” a política não de forma idealizada em como a política deveria ser, mas… em tentar ler a política de forma como ela é, de realismo politico.
Ou seja devemos a Maquiavel essa leitura da política “desvinculada” da ética, não vemos + o jogo político como jogo de “valores” e sim como jogo de “manutenção” de poderes. E chegar a política com esses olhos é o primeiro passo segundo a leitura de Maquiavel, vermos o que é “real” e “verdadeiro” que realmente acontece na política, seja ela na época de Maquiavel, seja ela hoje em dia.
É claro ao “separar” ética de política agente “consegue” ver a política com olhos + realistas. Mas…será que isso é algo benéfico hoje em dia? Será que essa “separação” entre ética e política não é algo “prejudicial” para o pensamento político?
n/b:espero ter reproduzido correctamente a recomendação de Nicolau Maquiavel, de outro modo, estou obviamente disposto a corrigir-me.
Manuel Bernardo Gondola
Maputo, aos [09] de Novembro, 20[24]