EUREKA por Laurindos Macuácua
Cartas ao Presidente da República (202)
Presidente: como está? Parece que a Frelimo vai ter que desmontar o púlpito ou removê-lo para outro lugar, já sem um grande número dos dançarinos que sempre “brilharam” mostrando a sua destreza na dança das vitórias retumbantes. Ou, quando muito, há-de ter que se dar outra designação à festa de “arromba” ou de vitória “retumbante” deste ano. Sei que é embaraçoso, mas vão ter que encontrar um adjectivo mais modesto para a vossa celebração.
Quando lhe escrevia esta carta, Presidente, tudo indicava que Venâncio Mondlane e o Podemos estavam em vantagem na contagem preliminar dos resultados das eleições desta semana. Ou seja, com os resultados que estão sendo divulgados, fica, finalmente, claro por que é que a CNE, o Conselho Constitucional, a Frelimo e a Renamo se empenharam tanto na tentativa de excluir Venâncio Mondlane no escrutínio. Apesar de todas as adversidades, lá está Mondlane a agigantar-se no meio de dois velhos dinossauros da nossa política doméstica. Está como que a fazer jus à máxima que diz: “A cada um segundo o seu esforço”. É aqui, e por via disso, que cada um recebe na medida do seu verdadeiro esforço.
Desculpa se isto lhe ofende a si e ao seu partido, Presidente: para estas eleições, a Frelimo não estava preparada. Limitou-se a gerir quadros instrumentalizados, disponíveis para qualquer exercício de bajulação que se mostre urgente realizar, desde que traga comida à mesa. Quer dizer, transformaram o Estado num gangue de ladrões em larga escala e mesmo assim queriam ganhar, folgadamente, a eleição (!?).
Ao longo dos anos desta administração prestes a terminar, houve um vasto esforço de propaganda feito pela Frelimo e por aqueles na sua folha de pagamento -- ou por aqueles que gostariam de estar na sua folha de pagamento -- para nos convencer de que é perfeitamente legítimo que uma organização essencialmente parasítica viva à nossa custa, com os seus integrantes mantendo um alto padrão de vida, roubando-nos o pouco que temos, destruindo nosso poder de compra com as suas políticas medíocres, transferindo o nosso dinheiro para privilegiar indivíduos que não trabalham, restringindo as nossas liberdades empreendedoriais e controlando totalmente o nosso modo de vida.
A Frelimo esqueceu o povo e a motivação fundamental daqueles que defendem o partido é saber que, uma vez na máquina pública, eles terão acesso a gordos salários, empregos estáveis e uma aposentadoria integral. Portanto, se a Frelimo sair, efectivamente, derrotada neste escrutínio não irá espantar os atentos. Qualquer individuo minimamente preparado era capaz de notar que a Frelimo não trabalhou. Fez um imenso investimento até para espantar os que seguem o partido desde a sua fundação.
DN – 11.10.2024