Por Custódio Duma (Facebook)…
A convocação de Venâncio Mondlane para uma grande manifestação nacional em Maputo, com o objectivo de reunir pessoas de todas as partes do país, traz à memória um famoso episódio bíblico: o cerco e a tomada de Jericó por Josué. Segundo relato bíblico (Josué Cap. 6) Deus instruiu Josué a mobilizar o povo de Israel para marchar em torno dos muros de Jericó por sete dias. Em um movimento inesperado, no sétimo dia, os israelitas, em uníssono, gritaram e tocaram suas trombetas, e os muros da cidade caíram, entregando-a ao povo.
É interessante que Venâncio Mondlane, candidato presidencial e conhecido por sua associação com uma igreja profética, onde recebeu uma profecia de liderança, também escolheu sete dias de preparação, convocando todos os que desejam a mudança para se unirem em Maputo no dia 7 de Novembro. A mensagem de Mondlane parece não ser apenas um chamado para uma manifestação comum, mas sim uma iniciativa simbólica, carregada de uma possível dimensão espiritual e profética, como se ele estivesse preparado para algo maior, já que reclama vitória nas eleições do dia 9 de Outubro. A escolha de sete dias sugere um planeamento cuidadoso, como se ele estivesse tentando despertar o mesmo tipo de espírito de unidade e propósito que uniu o povo de Israel no cerco de Jericó.
Assim como Josué mobilizou o povo para um ritual de fé e resistência, Mondlane parece estar usando esses sete dias como um período de preparação e espera. Nos dias que antecedem o 7 de Novembro, muitos podem questionar a razão desse período específico. É possível que Mondlane esteja buscando uma mobilização nacional que ele acredita poder trazer consigo uma transformação genuína, e, quem sabe, um momento decisivo para o país. A sua ligação com uma igreja profética apenas reforça a ideia de que talvez ele tenha um plano ou uma visão que vá além da esfera política tradicional, um plano que considera a fé e a determinação popular como forças propulsoras de uma nova era. E pode muito bem aproveitar a aderência das pessoas a essa fé.
Em Jericó, não foram armas nem estratégias convencionais que deram a vitória a Josué. Ao contrário, foi um acto de fé colectiva, que se mostrou capaz de mover barreiras aparentemente intransponíveis. Mondlane, ao convidar o povo para se reunir em Maputo, pode estar apelando para essa mesma fé. Pode estar sugerindo que a mudança não virá da força bruta, mas da união e do desejo de transformação, algo que ecoa profundamente na juventude moçambicana.
Diante disso, o que podemos esperar de 7 de Novembro? Estará Mondlane preparando, à semelhança de Josué, um movimento que vai além do previsível, buscando tocar os muros da actual estrutura de poder com o grito da multidão? Poderá o clamor popular ser alto o suficiente para provocar uma mudança concreta? A convocação de Mondlane não é uma simples manifestação; ele acredita que é uma chamada ao que poderia ser um ponto de virada. Para as pessoas de fé, os que veem na história de Jericó um paralelo, a presença em Maputo no dia 7 pode simbolizar um chamado para estar na linha de frente de um novo capítulo da história moçambicana.
Assim, para aqueles que buscam entender o significado dessa manifestação, é preciso olhar além dos aspectos visíveis e reflectir sobre a mensagem implícita de uma figura política que aproveita a liderança profética e escolheu cuidadosamente os seus passos, contando com a força do povo para derrubar os pretensos "muros" simbólicos que se ergueram ao longo do tempo.