Por Edwin Hounnou
O centro do problema que agita a sociedade moçambicana com as manifestações ao nível de todo o território nacional é o que foi feito do seu voto. Os moçambicanos desejam saber o que o STAE (Secretariado Técnico de Administração Eleitoral) e a CNE (Comissão Nacional de Eleições) fizeram do seu voto.
As pessoas que acompanharam o processo eleitoral não têm a mais pequena dúvida de que o real vencedor não é foi o partido Frelimo nem o seu canndidato. Daniel Chapo e a Frelimo se tornaram vencedores das eleições de 09 de Outubro através de uma megafraude que a Frelimo organizou para se beneficiar. A conversa que se desvio desse assunto não passará de um simples divertimento, para fazer dormir o boi, como o povo tem falado.
Na ausência de uma resposta evidente e a consequente correcção leva o povo a manifestar-se nas ruas por clamar pela justiça eleitoral. Enquanto este problema não for, devidamente, resolvido, o barulho vai continuar até às últimas consequências. A verdade não morre solteira nem apodrece.
Qualquer conversa que não tome as fraudes como tema principal, é melhor que se pare por aí, e se deixe o povo nas ruas a protestar pela verdade. O povo encontrará a solução deste problema. Não é segredo para ninguém que, em todas as eleições, a Frelimo sempre se socorre de fraudes para continuar a governar o país. Desta vez, ultrapassou todos os limites do aceitável.
Nesta disputa eleitoral, apenas a direcção do partido Frelimo e seus sequazes se consideram vencedores destas eleiçõs sem apresentarem evidências para tal efeito. Na óptica deste grupo, o povo que não aceita os resultados forjados pelo STAE e engolidos, em bruto, pela CNE são verdadeiros.
Em defesa dessa mentira, podem até destruir e atear o país, como, alias, o que se tem assistido em que a polícia ataca, persegue, fere e assassina manifestantes. A extensão da ofensiva policial está a expandir-se para os raptos nocturnos que se fazem de porta-a-porta, para semear um ambiente de terror no seio das pessoas que se opõem ao regime. Para esse grupo, a justiça eleitoral reside apenas na sua vontade e não nos números de voto expresso.
O comportamento dos defensores das fraudes compara-se à postura do czar Nikolau II da Rússia imperial que, ofuscado pelo poder absoluto, não conseguia ver o alcance da fúria do povo que desejava se ver livre da ditadura.
Alertado sobre o perigo dos levantamentos populares contra o seu regime, o czar Nikolau II dizia que se tratava de vento num copo com água que, em breve, tudo iria passar e a normalidade voltaria a restabelecer-se. Ficou embalado com os conselhos dos seus acólitos enquanto os bolcheviques (revolucionários) se batiam pelas mudanças nas ruas, no campo e nas cidades. Quando Nikolau II despertou já estava diante de uma guilhotina para lhe decepar a cabeça. A voz do povo, em uníssono, clamava pela justiça.
A História da Humanidade parece que se repete. Num passado recente, o povo moçambicano, e não só, se bateu com armas em punho e os representantes do regime colonial-fascista diziam que tinham a situação sob seu controlo.
A PIDE/DGS ia de casa em casa à caça dos que suportavam os "turras" e a tropa ia massacrando os camponeses. Marcelo Caetano fugiu da prisão por um buraco aberto no quartel para onde se havia refugiado, em Abril de 1974. Acabou morrendo no exílio, longe da sua casa e dos seus parentes. Mobutu Sese Seko, ditador do Zaire, nem teve o direito de um espaço de terra para "descansar", quando a morte lhe bateu a porta. Os exemplos de ditadores que terminaram na absoluta desgraça não terminam por aqui.
Não há armas capazes de sufocar e matar a vontade de um povo de ser livre e muito menos ainda quando se trata de um povo revoltado e a exigir os seus direitos, protestando nas ruas, como o que está a acontecer agora entre nós.
A História reza que os Estados Unidos, a maior potencial mundial ocidental, deixaram o Vietname, entre os anos 1973/74, pelas portas dos fundos. Junto às nossas fronteiras, o Apartheid não conseguiu se sobrepor à vontade do povo sul-africano. O Apartheid dizia que era o comunismo que agitava os sul-africanos. A "mão externa" sempre esteve presente na defesa dos regimes ditatoriais que se servem da violência pela sua sobrevivência.
Essas lições de vida para nada servem aos novos colonizadores do nosso país que ficam à espera que o dilúvio lhe cheque ao pescoço. Pessoas inteligentes não ficam surpreendidas por convulsões fortes. Os diversos gabinetes de estudo não devem servir apenas para dizer aos chefes que decidem que tudo está controlado, mas para estudar a situação de modo a lhes permitir tomadws de decisões correctas.
Agindo assim, evita-se ter que passar por vergonha de ouvir nomes como corruptos (awaíve, em changana quando se referem à Frelimo) como se ouve o povo a cantar nas ruas. Foram os enchimentos de urnas que levaram o povo à revolta. A reposição da justiça eleitoral passa pela derrota da Frelimo e do seu candidato. Nada mais que isso.
CANAL DE MOÇAMBIQUE - 27.11.2024