Um jato particular deixou Maputo, capital de Moçambique, com destino a Abu Dhabi, transportando cerca de 300 quilogramas de turmalinas, avaliadas em 300 milhões de dólares, em um caso descrito como um dos maiores esquemas de contrabando de pedras preciosas na história recente.
Esse episódio ocorreu poucos dias após o roubo de turmalinas ocorrido na mina Mozambique Gems, situada na localidade de Mavuco, no distrito de Moma. Na segunda-feira passada (28 de outubro), um grupo numeroso de populares e mineiros ilegais invadiu a área da mina, retirando as gemas e provocando danos em equipamentos.
Durante o assalto, vídeos capturados no local mostraram que os invasores agiram em confrontos com a segurança e seguiram até o local de extracção e processamento das turmalinas, onde completaram o saque milionário.
O acampamento da mina fica a 30 km da vila-sede de Chalaua, onde, no dia anterior, houve um ataque a uma unidade policial e à sede do partido Frelimo. O contexto de violência na região, no entanto, não foi considerado pelos gestores da mineradora como um factor directo para o roubo. Segundo a Mozambique Gems, a acção foi premeditada, planejada para alcançar especificamente o cofre onde estavam armazenados os 300 kg de turmalinas.
As turmalinas roubadas são paraíbas, uma variedade de coloração azul-violeta extremamente rara e valorizada no mercado internacional. Estima-se que o material extraído equivalha a cerca de 1,5 milhão de quilates. Mesmo que a quantidade final de pedras aproveitáveis após o corte seja conservadoramente calculada em apenas 10% desse total, aproximadamente 150 mil quilates poderiam estar disponíveis para venda, com valores que variam de dezenas de milhares até milhões de dólares por quilate em pedras de qualidade superior.
Comparativamente, o caso supera em valor outros grandes roubos de gemas, como o de diamantes na Bélgica, em 2002, que, ajustado aos valores actuais, equivaleria a cerca de 160 milhões de dólares. Este assalto de 300 milhões em turmalinas representa o maior caso de contrabando de pedras preciosas na história recente de Moçambique.
A informação mais recente é que um jato particular partiu de Maputo rumo a Abu Dhabi carregando as turmalinas extraídas ilegalmente, o que sugere a actuação de uma rede sofisticada de contrabando. Abu Dhabi é conhecido como um centro internacional de comércio de pedras preciosas, com compradores e colecionadores de todo o mundo. (Bendito Nascimento)
INTEGRITY – 10.11.2024