Nos últimos dias, Moçambique foi palco de tumultos que deixaram marcas profundas na economia. Empresários estão contabilizar prejuízos astronómicos, estimados em 3.000 milhões de meticais, após três dias de manifestações violentas e paralis ações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.
A situação se agravou com cenas de destruição e saques, resultando em mais de dois mil desempregados e um clima de terror nas ruas.
Emmanuel Sikubwabo e a sua esposa, Anne Marie, comerciantes de origem estrangeira, viram os seus sonhos desmoronar diante de seus olhos quando manifestantes invadiram seu estabelecimento de bebidas e restauração. “Foi um verdadeiro massacre! Mais de 500 pessoas atacaram meu negócio, lançando pedras e quebrando tudo. Saquearam computadores, caixas de bebidas e deixaram um rastro de destruição”, desabafou, com os olhos cheios de desespero. As perdas financeiras que ele enfrentou são estimadas em impressionantes 8 milhões de meticais.
“Estamos a colaborar com a Polícia da República de Moçambique (PRM) para localizar os responsáveis. As câmeras de vigilância registraram grande parte da acção criminosa”, acrescentou Sikubwabo, que ainda aguarda por justiça. Embora cinco indivíduos tenham sido detidos, a polícia continua à caça de outros envolvidos na barbaridade.
A situação é alarmante. Com a aproximação da época chuvosa, Sikubwabo, teme pelas estruturas danificadas de seu prédio.
“As janelas estão destruídas e a água pode invadir o que sobrou. Estamos à beira do colapso”, afirmou, revelando a angústia de muitos que dependem de seu negócio para sobreviver.
Ele já se vê forçado a demitir funcionários, já que a recuperação do estabelecimento e das mercadorias roubadas parece uma miragem, dada a falta de recursos.
“Estamos atolados em dívidas com fornecedores de bebidas e outros produtos. Este roubo nos deixou em uma situação insustentável. Não sei quando conseguiremos reerguer nosso negócio”, lamentou, enquanto o desespero tomava conta de sua voz.
Por isso pede ajuda dos demais com vista a conseguir reerguer o seu negocio que tanto investiu em Moçambique.
O presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), Agostinho Vuma, também se manifestou sobre o caos. “As manifestações trouxeram perdas financeiras de cerca de 3.000 milhões de meticais”, afirmou, em uma conferência de imprensa que reuniu ministros de várias áreas para discutir os impactos devastadores das manifestações dos dias 21, 24 e 25 de outubro.
Moçambique, uma nação à beira de um colapso económico, observa com temor os desdobramentos de uma crise que ameaça não apenas a estabilidade política, mas a própria sobrevivência de seus cidadãos.
INTEGRITY – 03.11.2024