Nampula viveu um dia de terror e desespero neste sábado. O que começou como um protesto pacífico contra os resultados eleitorais rapidamente virou um pesadelo urbano, marcado pela violência e pela perda de vidas. Na zona do trim-trim, manifestantes apenas exigiam justiça, mas em minutos, as suas vozes foram silenciadas pelo som das balas verdadeiras disparadas pela polícia.
No mercado grossista de Waresta, a cena era dantesca. Testemunhas contam o horror de ver feridos caídos pelas ruas, ensanguentados e clamando por socorro. Gritos de dor e pânico ecoavam pelo ar. Três vidas foram tragicamente arrancadas, sem piedade, deixando famílias destruídas e uma comunidade em luto. A brutalidade não ficou restrita a Nampula. Em Namialo, a polícia usou de força desproporcional, resultando em feridos e outra morte confirmada. A tensão espalhou-se como fogo por toda a província, com o bloqueio do cruzamento que liga Nampula a Pemba e Nacala, aprisionando milhares de cidadãos, reféns do medo e da incerteza.
O clima de revolta chegou ao auge em Mecubúri, onde manifestantes invadiram a sede do partido FRELIMO, um reflexo da ira de um povo que se vê ignorado, sufocado pela opressão. É um grito de dor e fúria que clama por justiça, num país que promete democracia, mas entrega repressão.
Não são apenas números – são vidas ceifadas, sonhos interrompidos, famílias devastadas. O povo de Nampula foi abandonado à própria sorte, pisoteado pela força de um sistema que deveria protegê-los. Esse banho de sangue exige respostas. Quem pagará por essas vidas?
NGANI - 02.11.2024