Por Edwin Hounnou
Segundo a Enciclopédia, PARADOXO é uma afirmação que desafia a lógica e o senso comum. É uma figura de retórica que consiste em associar afirmações aparentemente contraditórias. É aquela situação que vai contra o sentido comum e a lógica dos acontecimentos. É um absurdo.
É um paradoxo quando o país não tem estradas praticáveis.
É um paradoxo quando o partido que vem desgraçando o paí,s há cerca de 50 anos, vence, folgadamente, as eleições. É um paradoxo o partido Frelimo ganhar, as eleições como ve ceu, com hospitais e centros de saúde prestando serviços de pésssima qualidade e sem medicamentos mais elementares. Não acreditamos em milagres nem em ilusionismos.
É um paradoxo ganhar as eleições com enfermeiros, médicos, professores e outros funcionários públicos descontentes e em breve devido a seus salários atrasados e horas extras por pagar. É um paradoxo ganhar uma eleição com mais de 70 porcento e ficar com cerca de 80 porcento dòs assentos parlamentares, isto é, ocupar 195 assentos dos 250 disponíveis por um partido cheio de manchas. É um paradoxo não ser votado o suficiente para ganhar uma eleição e sair vencedor dessas eleições. É isso que deixa a gente revoltada e provoca manifestações por faltar à verdade.
É um paradoxo a Frelimo e seu candidato vencerem as eleições nas actuais condições em que o país se encontra. É um paradoxo julgar-se querido pelo povo enquanto seus governos jogam marginalizam, reprimem seus adversários. Por vezes, lança as forças policiais para perseguirem, intimidarem, prenderem e até assassinarem seus adversários.
O povo está descontente com a Frelimo. Moçambique está a decair em todos os ranking. A pobreza está a alastrar-se cada vez mais por falta de políticas claras de desenvolvimento socioeconómico. O país tem cerca de 36 milhões de terra arável dos quais se utilizam, apenas, 15 porcento para produção agrícola. Tem 70 rios de curso permanente de água que é desaproveitada. Os cursos das água dos rios que possuímos é depositada no mar sem passar por uma única machamba de milho, de batata arroz ou de horta.
A rede comercial, nas zonas rurais, deixou de existir com a saída massiva dos pequenos cantineiros do tempo colonial que garantiam a compra de produtos agrícolas dos camponeses e funcionavam como "bancos".
Hoje, tudo desapareceu e as zonas rurais foram invadidaz por comerciantes solitários de origem indiana e bengali que, ao seu gosto, marcam preços de compra dos produtos, deixando os camponeses sem alternativa. Moçambique de excelente produtor de cereais passou a um exímio importador de tudo como batata, arroz, tomate, banana, etc.
Quando o pais chegou à independência, a 25 de Junho de 1975, ao nível do continente africano, era o terceiro na indústria metalomecânica. Agora nem vestígios se pode ver. A indústria foi extinta.
Moçambique era um país com uma indústria téxtil bem robusta, porém, nos tempos que correm, não tem um único tear para fazer linha para pregar um botão numa camisa. Não falamos da indústria de calçados que foi extinta da face da nossa terra. O culpado de tudo isso está bem identificado : Frelimo.
A nossa independência confunde-se com as guerras por que temos vindo a passar. A paz tem sido um interlúdio (intervalo) entre uma guerra e outra. As constantes guerras que nos bloqueiam o desenvolvimento do país são originadas pela maneira errada como a Frelimo vem governando Moçambique em que a exclusão e discriminação têm a pedra de toque.
Há uma canção que os frelimistas gostam de cantar, para provocar, segundo a qual diz que "quem não é da Frelimo o problema é dele...doa a quem doer". Fica tudo dito.
Os frelimistas graúdos estão distribuídos pelas empresas públicas ou participadas pelo Estado, como forma de se distribuírem o bolo entre eles. Aí ninguém se questiona a competência, o que conta é o cartão vermelho de membro do partido e, como resultado dessa maneira de fazer política, o país está todo empenado.
Ninguém, em plena consciência, apoia/vota um partido que vem destruindo o país. Reconhecemos o sacrifício consentido pelos libertadores da pátria do jugo colonial, todavia, da independência a esta parte, o país virou um inferno para o povo e um paraíso para as elites do partido no poder. Ninguém abraçou ou apoio a luta para tirar o colono branco para substituí-lo por colono preto.
Se o povo tivesse adivinhado que a Frelimo havia de se transformar numa perigosa besta, no mínimo, teríamos ficado indiferentes e cada um no seu canto. Mariano Matsinha, antigo membro do bureau político do partido Frelimo, afirmou, em entrevista, que "na Frelimo, fuzilar era normal". Aqui reside a razão dos comicios populares que terminavam em fuzilamentos dos "reaccionários e traidores".
A prática de mandar fuzilar continuou mesmo depois da independência onde as instituições da justiça se encontravam já instalados em todo o território nacional. Vários cidadãos continuaram sendo mortos ao arrepio da lei. A Frelimo nunca respeitou a lei e as instituições do Estado.
Neste momento de renhida disputa eleitoral, vai, mais uma vez, ficar claro que todas as provas os cerca de 300 kg de documentos que o PODEMOS, partido que suportou Venâncio Mondlane, serão ignorados pelo Conselho Constitucional que obedece ao comando político do presidente da Frelimo.
As decizões do Conselho Constitucional não se fundam na lei. A Frelimo nunca partilhou o poder com ninguém, mesmo tendo sido derrotada, como é o presente caso, vai insistir que ganhou e bem. A Frelimo está habituada a comer das mãos do povo.
A Frelimo é um partido, evidentemente, ditador, autoritário e autocrático que piorou bastante nas últimas duas décadas (2015-2024) com raptos e assassinatos à mistura. Esse tipo de regime não larga o poder através do voto popular depositado nas urnas. A História recente ainda não registou nenhum em que os ditadores, autocráticos passaram o poder para aqueles que foram votados e venceram as eleições.
Se a entrega do poder vier acontecer pelo voto, Moçambique vai quebrar o comportamento habitual dos regimes antidemocráticos. O paradoxo persiste que os partidos autocráticos podem perder as eleições mas nunca perdem o poder. Perdem as eleições e não o poder.
Os regimes autocraticos largam o poder quando o povo se manifestar, ocupando as ruas, jardins e passeios. De outro modo,será uma brincadeira e a Frelimo instalou, em Moçambique, um regime antidemocrático, autoritário e corrupto, portanto, as eleições são ineficazes para dialogar com esse tipo de gente.
VISÃO ABERTA - 31.10.2024