Por ten-coronel Manuel Bernardo Gondola
Hoje, eu trouxe para “apresentar” para figura do ano 20[24] o teórico do pós-colonialismo Achille M’bemeb, e o seu livro incrível « Crítica da Razão Negra » que é um dos livro + conhecido publicado originalmente pela primeira vez em 20[14]. Da obra «Crítica da Razão Negra» de Achille Mʼbembe, o “tema central” é a de que, o africano só se tornou “negro”, depois que o europeu [o branco], assim o “designou”, antes disso, ele era apenas ele mesmo; “sem nenhum adjectivo” que o estigmatizasse. Ao “designar” o outro [negro], o europeu/ocidental “estabeleceu” imediatamente que as “diferenças” eram mais importantes do que as “semelhanças” tão incontornáveis quê podia-se “coisificar este estranho” sem 'ferir' nenhuma lei ou moral, tendo em vista que estas só são aplicáveis aos iguais. Quer dizer, a “invenção” da raça 'gerou' o medo inconsciente do outro que deve ser controlado, evitado, submetido e…, por consequência a África se tornaria um não mundo, a ausência da civilização. Certamente, não há muitos pensadores capazes de “mostrar novos ângulos” de nossa realidade preocupante e perversa, mas Achille Mʼbembe 19[57]-20[20] esse filósofo camaronês [africano] é um deles; livro a livro que é considerado um dos + brilhantes teóricos dos estudos pós-coloniais, está “construindo uma lente gigantesca“ que parece “mover a princípio” nos chamados mundos subdesenvolvidos ou «terceiro mundo», para se expandir de certa forma. Surpreendente e “enorme” o pensador camaronês por essa lente, nos 'oferece a possibilidade' de começar a ver de outra forma ou por caminhos menos percorridos, mas “devastadoramente e perturbadores”. Na «Crítica da Razão Negra», escrita por volta de 20[13], Achille Mʼbembe, parte do “negro” como uma “invenção alcançada” por vários momentos entre os quais está o “comércio transatlântico” do qual era considerado simples carne, uma coisa e era impensável que o “negro” fosse capaz de elaborar qualquer pensamento.
Cosificando a si mesmo e eu me apoio em Mʼbembe, o “negro” foi negado, negado tudo e afastado como um “desperdício” estava interessado apenas como 'mercadoria e matéria-prima', como contribuição para o sistema económico capitalista caso contrário era um fantasma.
Mʼbembe enfatiza, quê o [colonialismo] com todo um sistema, a plantação e o apartheid subiram em cima do “negro”, destarte quando vamos ver as diferentes fases muitos de nós gostaríamos de “acreditar” que isso é parte do sofrimento de ontem, porém Mʼbembe nos ensina por meio deste livro [Crítica da Razão Negra] quê continua a fazer parte do quotidiano + contemporâneo a extremos insuspeitados, no qual, vai além e descobre que…“o negro não se limitava mais apenas aos africanos durante o primeiro capitalismo”. Ou seja, pela primeira vez tudo se “mistura e desaparecem” as diferenças entre os termos ser humano, coisa e mercadoria quê se aplicam a homens e mulheres independentemente da origem ou da cor da pele.
Desta forma, o devir “negro” do mundo, e eu me apoio em Mʼbembe, 'ilumina' o quê como vemos, há muito se anunciava como o momento a partir do qual aquele conceito, noção ou “invenção amplia” seus limites e se expande globalmente. O neoliberalismo, o “actual capitalismo” estão construindo “negros renascidos”, ou seja, a negação se tornou planetária. Um melhor exemplo, o comércio transatlântico “definia as regras do jogo” e o sistema de plantação era um 'ensaio' em que o colonialista era quem 'decidia' quem era visto e quem não era, de lá, ele foi para o apartheid, “um novo salto” para toda uma política com suas leis e suas “negações”, mas a ordem económica mundial exige um dia sem parar, Destarte se erguem outras paredes intransponíveis, separando, deixando de fora e excluindo; ganhe a Economia Paralela. Os [novos] “negros” e eu me apoio em Mʼbembé já estão entre nós, podemos ser nós mesmos, aqueles que não são nada, aqueles que não existem, aqueles que estão na assembleia neoliberal tiram e depois jogam fora, são os “desfavorecidos” que povoam os limites do “despejo” + absoluto o de serem considerados seres humanos, o de até ter uma vida digna refugiados, alguns dos novos negros do grupo de pessoas descartáveis.Acreditando, que estamos falando de coisas do passado e que a escravidão “continua ocorrendo” na cadeia capitalista [neolibelaismo] são os “grilhões” do trabalho desumanizado e as algemas de hipotecas e dívidas. Por exemplo, hoje, o apartheid no dizer do Mʼbembe continua ocorrendo, na forma de uma “segregação social global” que separa, zona e expulsa, sem dúvida, novos tempos trouxeram e estão trazendo novas formas de ser “negro”, de tal forma que o “negro”, o invisível não existe em si, ou seja, é “produzido constantemente” como você pode ler na «Critica da Razão Negra». Por fim, “prevêem-se” e eu me apoio mais uma vez em Achille Mʼbembe, métodos futuros inovadores como os da “genética” que garantam a “selecção” afirmando que será possível “escolher e deixar de escolher” [cancelar] alguns traços o que não se perpetua, indistintamente. O “ser humano” aparece até como mero dado digital nesse “processo” de desumanização progressiva de “cair” no nada absoluto e na negação total.
Manuel Bernardo Gondola
Maputo, [28] de Dezembro, 20[24]