Por Anatoli Chambuca Henriques
Li um eloquente texto do Brazão Catopola que, dentre várias preocupações, levantou questões sobre o modelo de intervenção ruandêsa em Moçambique e seus efeitos. Como o governo de Moçambique conseguiria lidar com os enraizamentos dos ruandeses em Cabo Delgado com a sua estrategia de nova territorialização, visto que sua inserção era mais do que militar, foi uma outra questão levantada.
Há meses, num texto publicado aqui no Facebook também questionei os motivos da União Europeia alocar directamente os fundos de protecção e apoio à Moçambique face ao terrorismo em Cabo Delgado, directamente, à Ruanda.
O Brazão Catopola, com preocupação, apresenta no seu texto alguns sinais da recolonização de Moçambique, demonstrando que os novos concursos e empresas de prestação de serviços ao mega projecto de exploração do gás em Cabo Delgado apuradas são de Kigali, a empresas de segurança idem e para piorar para termos informação sobre o gás o país tem que perguntar a Kigali.
Para os que estão indiferentes às preocupações do Brazão Catopola e para que se reflita nas hipóteses de hipoteca da terra dos nossos filhos e de recolonização de Moçambique por migalhas levantadas por Catopola, deixa acrescentar que Paul Kagame cresceu em Uganda como refugiado, foi Major lá como ugandês no exército nacional de Museveni e dirigiu a secreta. Teve uma bolsa e fez curso de elite de inteligência nos EUA.
Ele fez uma guerra no Ruanda, apesar do ocidente ter ocultado, matou dois presidentes (do Ruanda e Burundi) no mesmo avião quando voltavam para casa depois de assinar um acordo de paz. Quando chegou no Ruanda criou uma milícia para invadir RDC, tirou Mobuto e instalou Kabila. Saqueou RDC, seus bancos, suas reservas, os mineiros, da fronteira até Kinshasa.
Semeou terror, matou para a população ter medo e abandonar as zonas das minas. Obrigou o ingénuo de Kabila (que tinha uma ingenuidade na dimensão dos nossos dirigentes) a nomear até guarda costas fiéis a kigali, como chefes de estado maior da RDC...
Quando o Kabila percebeu que estava a ser marioneta, pediu o Kagame que retirasse as suas forças. Um pedido lhe valeu a morte em apenas dois meses.
Kagame tentou fazer um golpe no Burundi e fracassou, os golpistas refugiaram se para o Ruanda e até hoje estão lá protegidos.
Para aliciar os africanos, ele se fez passar por um panafricanista, adoptando uma política hostil à França, porque na altura a França tinha um presidentes que mantinha boas relações com os presidentes que ele assassinou.
Os africanos foram aliciados pelo tom que ele usava para atacar a França e pensaram que, realmente fosse um revucionario. Mas enganaram-se.
Quando o actual presidente da França chega ao poder, decide usar o Kagame , para ludibriar os que o admiravam... aí começou a saga que estamos a assistir. Isso aconteceu no momento certo de mudança de parceiros porque os americanos, os que o criaram, moldararam e o prepararam, já estavam desavindos por causa da sua insubordinação e ambições macabras.
É opinião de muitos que o que está a acontecer em Moz sejam negociatas máfiosas de alto nível, da qual os moçambicanos irão despertar já mergulhados em uma burla de proporções gigantescas. Enquanto pensam que fazem negociatas com o Kagame, inocentemente, fazem com o imperialismo europeu... todo valor deles está domicialiado no Ruanda ao serviço da França.
As acções do Ruanda e do seu presidente são um retrato de uma espécie do imperialisto, tão macabro quanto tem sido o imperialismo ocidental, com o agravante de ser um país africano a ser usado para hostilizar os seus conterrâneos.
Essas empresas que estão a mandar vir e a ganhar concursos de prestação de serviços e segurança são dos dois...Enquanto os europeus sugam o gás, alguma elite nacional e o Kagame vão amealhando comissões e sugando o estado moçambicano.
A opinião de muitos é que não vão se medir esforços para, a pretexto do combate ao terrorismo, explorar e, se possível, se enraizar com a estratégia de territorialização que estão engendrar em Cabo Delgado.
Com o fim do mandato do actual governo a favorável à essa estranha relação com o Ruanda. Na pior das hipóteses, para perpetuar o saque, vão fazer de Cabo Delgado um estado independente ou ingovernável, um estado abandonado, cujo a população terá abandonado as suas terras temendo o terror. O recobrar o juízo e despertar pode, a semelhança do Kabila, precipitar o fim de alguns dos nossos dirigentes.
Expostos estes factos, há que questionar se é com o Kagame e o Ruanda, um estado minúsculo, saído do genocídio que ele mesmo o Kagame foi o causador que devemos nos relacionar? Haverá ou não um interesse oculto por trás da participação do Kagame em Cabo Delgado?
A história teima em nos apresentar factos sobre as intenções e actos macabros sobre o Kagame, mas por causa da propaganda ilusionista à sua volta, fingimos não estar a ver.
É, o Paul Kagame, um melhor parceiro!