(Soares não foi, de todo, uma figura consensual na Sociedade Portuguesa)
Por Afonso Almeida Brandão
vem o presente texto a propósito da recente homenagem prestada a Mário Soares no Parlamento nacional, fundamentado no que teria sido o seu centésimo aniversário, estando vivo.
Soares escreveu o livro “Portugal Amordaçado”, publicado em Portugal em 1974, onde discorre sobre o regime do Estado Novo que classifica de fascista, a guerra ultramarina e a liderança autoritária e limitadora da liberdade de expressão, bem como a falta de abertura e desenvolvimento do país, entre outros assuntos.
Enquanto político que exerceu as mais elevadas responsabilidades na gestão do país, a figura de Mário Soares não justifica que o Parlamento lhe dedique um dia de trabalho… improdutivo. E não apenas necessariamente por aquilo que fez de bem e o que fez de mal. Reviver o passado não, é, decididamente, o melhor caminho para gerir o Presente e antecipar o Futuro.
Esta característica da cultura nacional de, constantemente, evocar, nem sempre com o melhor propósito, as suas figuras salientes do passado, em nada contribui para que, com clareza e assertividade se diagnostiquem os grandes (enormes!) problemas do país e se planeie um futuro melhor.
Essas figuras podem e devem ser analisadas numa perspectiva histórica em contexto educativo das novas gerações, no sentido de lhes aportar as necessárias bases de uma identidade nacional. Os políticos em funções têm a missão de fazer história e não de a reviver!
Soares não foi, de todo, uma figura consensual na Sociedade Portuguesa, e ainda hoje é mal-amado por uma larga fatia dos portugueses, onde se incluem (mas não só) os então designados retornados das ex-Colónias Ultramarinas e seus Familiares próximos. E por aqui ficamos, para não descer a (outros) pormenores...