ten-coronel Manuel Bernardo Gondola
Não há nada nestes oito poderes espirituais, que não tenham já sido ditos anteriormente. Na verdade, sinto que as preocupações e ideias expressas aqui, são partilhadas por muitos dos que ”pensam“ neles e tentam encontrar soluções aos graves problemas e ao sofrimento que nós hoje enfrentamos. E, como resposta à sugestão de algumas pessoas, a minha expectativa neste Natal é ”dar voz“ àqueles muitos que não tendo uma oportunidade de expressar os seus sentimentos em público, são membros do que eu penso ser uma maioria silenciosa. Certamente, estes oito poderes espirituais são condições necessárias para uma vida boa, pacífica e civilizada. São elementos centrais das nossas acções e tudo o que podemos fazer é o “uso deles” se conseguirmos fazer isso, seguramente seremos “felizes e pacíficos”.
- O poder de introverter
Que é habilidade de se “desembaraçar” do mundo a nossa volta. O primeiro passo é, restaurar a “calma” é “encontrar a concentração” interna [paz], de modo a tirarmos a atenção de tudo que é externo. Destarte, como as “tartarugas” tem a capacidade de pôr, a cabeça, os braços e as pernas dentro da sua carapaça; será que nós seriamos capazes de fazer o mesmo com os nossos sentidos? Isto só será possível quando “valorizarmos” os períodos de solidão e introversão. É necessário tempo para reflectir, ou seja, deixar os nossos sentimentos para trás por um certo tempo. É importante saber se não formos os mestres [donos] dos nossos sentidos, isto é, se não os dominarmos, acabaremos por ser escravos deles.
- O poder de empacotar
É habilidade ou virtude de parar de pensar coisas desnecessária. O verdadeiro poder de empacotar consiste em terminar com todos os “pensamentos destrutivos” e ficar livre de todas as cargas e perturbações negativas. O passado é passado! Então, aprenda a esquecer o inútil e permaneça constantemente livre. Repare! Enquanto não esquecermos o passado como acontece; não poderemos experimentar a alegria do presente. Lembrar constantemente o passado, “significa” torna-la seu presente. Deste modo, qual será a “fórmula” de encarar o futuro? A maior violência, que a pessoa pode cometer contra si mesma é, manter a “mente entulhada” de pensamentos negativos. Então, se quiser libertar-se dos “maus pensamentos” nem permita, que eles entrem na sua mente. Quanto mais a mente “estiver absorvida” com coisas valiosas +fácil se torna empacotar o peso do passado.
O verdadeiro poder de empacotar depende inteiramente da sua “forma de pensar” e do modo como encara as situações. Destarte, conforme for a sua “forma de pensar e agir”, serão as suas experiências e de acordo com isso, será a sua experiência.
- O poder de tolerância
Sem dúvidas este poder é o maior desafio de hoje no país. Tolerar, é a habilidade [virtude] de não sermos afectados por eventos externos e internos e “responder positivamente” a tais inventos. O poder de tolerar é, a habilidade de não nos “perturbarmos” com qualquer evento a nossa volta ou entre nós. É uma “habilidade”, que vem com facilidade quando estamos no nosso [trono] interno, onde só observamos. Nós estamos envolvidos e desapegados ao mesmo tempo. É fundamental tolerar quando estamos completamente empregados com tais situações, e as pessoas ao “nosso redor” fazem e dizem coisas que “estimulam” pensamentos e emoções negativas.
Primeiro de tudo é necessário tolerarmos as nossas “próprias reacções internas”, que só é possível quando conscientemente nos desapegamos e desempregamos dos nossos pensamentos e sentimentos que acompanham as nossas acções. Por isso, é necessário lembrar, que nós não somos os nossos pensamentos e sentimentos nós é que os criamos.
- O poder de ajustar
Pois, é a habilidade [virtude] de “aceitar e expandir” a presença, de ideias e desejos de outros. Este poder é, também o “maior desafio” de hoje em Moçambique. Isto é, ajustar-se de acordo com o momento e a circunstância tornando-se a corporificação de todas as soluções. Destarte, a quele que sabe ajustar-se é humilde, mas não “subserviente” é digno e real nos seus modos e atitudes. Saber ajustar, significa não se deixar [ferir] pela fúria ou sentimentos dos outros, ainda destarte, no seu coração existe sempre o “sentimento” de dar benefício a todos. Na verdade, este poder “só é possível” quando confiamos em nós próprios e consolidamos o auto-respeito.
- O poder de julgar
É, um dos “maiores desafios” dos nossos dias em Moçambique. É, a habilidade de [avaliar] a qualidade das nossas escolhas; das nossas decisões e das nossas acções em nós próprios e em outros. Na verdade, um julgamento real, autêntico e exacto tem três [3] dimensões:
- Nós julgamos ou avaliamos uma certa situação de “modo a obter” uma resposta correcta, que precisamos para nos expressar;
- “Nós não julgamos as pessoas”, mas sim…. as suas acções, talvez pela verdade ou qualidade, pela ética ou valor, porque nós somos eternos estudantes [aprendizes], que “constantemente procuramos aprender” dos outros. Mas…, não existe necessidade de julgarmos, porquê partimos do ponto que qualquer pessoa é boa, mesmo que as suas acções demonstrem o contrário.
- Depois, nós julgamos a nós próprios, não com o objectivo de nos castigar, mas simplesmente para “avaliar” e ver se o nosso pensamento, palavras [o que nós dizemos] e a acção são consistentes e se são aceites pelos outros.
- O poder de descriminar
É a habilidade “distinguir e separar” a verdade do falso é, a arte de visão de ver o que é verdadeiro e o que é falso. Ver ou “distinguir a verdade” só é possível quando existe “compreensão” das leis e princípios que governam o curso [caminho] das nossas vidas é o “reconhecimento” destas leis da natureza, sejam elas físicas ou espirituais que restauram a visão e dão-nos a habilidade de descriminar.
- O poder de enfrentar
É a habilidade de “confrontar e resolver obstáculos”, testes e desafios externos e internos. Aqui ao “reflectir”, um passo para dentro de nós é dado quê permite-nos “conhecer” a nós próprios. Neste processo é possível vermos os nossos pensamentos, hábitos e crenças, destarte como o nosso talento e a beleza. Aprendemos a distinguir a verdade do falso, “tendo forças para enfrentar os obstáculos”, testes e desafios que vem de dentro e de fora.
Obstáculos internos são os “velhos hábitos” de conduta e comportamento, obtidos através de uma falsa compreensão e crenças erradas. Obstáculos externos são aqueles, que “propositadamente estão no nosso caminho de mudança” de modo a permanecermos os mesmos, isto é, não mudarmos. Um teste para exemplificar esta situação seria passar por alguém, que “ontem odiávamos e tínhamos medo” e hoje “sermos capazes” de ver a sua beleza e qualidade quê esteve profundamente escondida e responder a isso positivamente.
- O poder de cooperar
É, também um dos maiores desafios de hoje no país. É, habilidade ou virtude, “de dar a nossa atenção, tempo, experiência e sabedoria ao serviço de outros”. Cooperar significa ter um coração generoso [aberto], com amor, sempre pronto a dar a mão na hora da necessidade. Contudo, “só quando sentimos que não estamos a competir” com ninguém podemos ter o sentimento puro de cooperarmos com todos. Para isso, é “necessário haver renúncia ao ego”. Destarte, ser cooperativo significa “ajudar” os outros, “não ser escravo” de ninguém.
Cooperação real vem do espaço interno da atitude, sentimento, pensamento e visão; simplesmente “vendo as boas qualidades de carácter de alguém e não as suas fraquezas é um acto de cooperação”. Ao usarmos “humildade e a proximidade” de entre todos, haverá unidade nos relacionamentos e nos esforços e a cooperação acontece naturalmente.
Repare! A verdadeira cooperação só é possível quando existe confiança entre todos e liberdade de egoísmo e interesses calculados, ou seja, ”simplesmente baseado na generosidade pura“. O verdadeiro método de dar e receber cooperação surge do respeito mútuo, dos entusiamos e da motivação quê somos capazes de criar naqueles à nossa volta, quer a nível individual ou colectivo.
Manuel Bernardo Gondola
Maputo, aos [25] de Dezembro 20[24]