Por Roberto Júlio Tibana
Estamos a assistir a todo um teatro de “consultas e auscultação … com todas as sensibilidades…” pelo Presidente da República, convites ao gabinete e entrevistas da Veneranda Juiz Presidente para prestar “esclarecimentos para que as pessoas compreendam como é que o Conselho Constitucional chega às suas deliberações e Acórdãos…” , e ao anúncio de “medidas económicas para contrariar ou aliviar os efeitos das manifestações … ” feito pelo menos qualificado membro do Executivo para o fazer (O Ministro dos Transportes e Comunicações – não temos um Primeiro Ministro que por sinal até acumula com a de Ministro de Economia e Finanças? Ou este já está de férias de Natal e Fim de Ano?).
Temos também o Presidente do Tribunal Supremo que nos vem dizer na televisão que não há mandado de captura contra o Candidato Presidencial Venâncio Mondlane e que se este tiver algo a contestar sobre os processos que lhe são movidos pode fazê-lo “em sede do processo”. Dava para lhe perguntar também se houve um mandado de captura para o Elvino Dias e o Paulo Guambe, e se antes de serem condenados aquela morte macabra houve alguma “sede de processo” onde eles pudessem contestar que alguém se preparava para lhes tirar a vida (algo sobre a qual o Elvino Dias fez avisos públicos que as autoridades não seguiram).
Paralelamente multiplica-se a ofensiva de “condicionamento de mentes” nas Televisões estatais e privadas capturadas e nas redes sociais. Trata-se de uma “nova onda” depois do descrédito a que académicos proeminentes caíram ao vir tentar propor uma “reflexão” que secundariza o problema principal da verdade eleitoral com o argumento falacioso de que na origem dos protestos pós-eleitorais existem “outros problemas mais importantes do que os resultados eleitorais”. Pretendia-se com isso sugerir que a escolha que os eleitores fizeram do candidato Presidencial Venâncio Mondlane não têm relação nenhuma com a maneira como os eleitores entenderam e se identificaram com a sua postura e a proposta de programa de governação que lhes levou. Pretende-se negar que o que levou as pessoas que o fizeram a votarem nele à medida que o fizeram foi o facto de o candidato Venâncio Mondlane ter-se apresentado com uma postura e um programa que se revelaram aos olhos dos eleitores como alternativas largamente viáveis e credíveis para a solução dos seus “problemas mais importantes”.
A “operação dos académicos” foi (e permanece) insidiosa por pretender usar argumentos aparentemente “científicos”, supostamente fora ou longe do alcance de mentes comuns, para criar uma separação entre a solução desses “problemas mais importantes” de um lado, e o candidato Venâncio Mondlane e as propostas do seu programa governativo de outro, ao meso tempo que pretendia criar um outro “espaço de reflexão” que “academicamente” se iria apropriar dessas propostas e entregá-las à Frelimo para com elas se apresentar com uma nova “roupagem” num novo ciclo de governação fraudulenta.
Para mim tudo isto tem o condão cínico de uma operação bem orquestrada de “empurrar tudo pela barriga” até chegar o dia 23 de Dezembro, dia que, como a Veneranda Juíza Presidente do Conselho Constitucional reafirmou hoje (12/12/2024) em entrevista televisiva, irá anunciar as deliberações do órgão que preside sobre as eleições de 9 de outubro de 2024.
Mas o Presidente da República já sabe o que devia fazer se quisesse ajudar a resolver um problema que o seu partido criou para este país, em particular durante o seu próprio mandato que foi o pior de todos. Não quer. Ponto final. Quer o partido dele no poder à força.
Para a Frelimo Moçambique só pode existir com ela no poder. Fala-se de alas, mas todos eles na Frelimo acreditam nisso e querem impor isso à força, mesmo que isso custe um derramamento de sangue nunca antes visto.
Depois do anúncio do Conselho Constitucional a impor a Frelimo fraudulentamente no poder não haverá recurso legal. Por isso que não querem nem sequer realizar um diálogo de todos, refugiando-se em argumentos legalistas em frente de um problema eminentemente político. Querem um pseudo-diálogo sob a hegemonia deles depois de se instalarem fraudulentamente no poder.
A Presidente do Conselho Constitucional também sabe que para chegar à verade eleitoral tinha outras opções que não esta de uma pseudo-verificação de editais e actas que estão a fazer. Mas também disse para todos ouvirmos que apesar de saber dessas opções nem sequer as comtemplaram e ainda não justificou porquê. Óbvio. Qualquer outra opção que pudesse levar à verdade eleitoral não era conveniente nem sequer de ser ponderada. Só uma única poderia ser contemplada: aquela que mais uma vez vai entregar o poder à Frelimo e nos impor um Presidente que promete ser pior do que o que temos agora, para que o pais continue a ser saqueado e a miséria do povo continue.
Portanto, já sabemos o que nos espera no dia 23 e daí em diante. Estejamos preparados. O país já anda sob comando de um auto-piloto. O Povo está a dizer “SAIAM DO CAMINHO ... QUEREMOS ORGANIZAR O PAÍS...”, e eles dizem: “DAQUÍ NÃO SAIO, DAQUÍ NINGUÉM ME TIRA ... DOA A QUEM DOER!”
A ver vamos, a quem vai doer mais!