EUREKA por Laurindos Macuácua
Cartas a Daniel Chapo (01)
Há uma semana que o senhor tomou posse. E nesse curto espaço de tempo, muitas crónicas já foram escritas sobre o seu Governo. E, diga-se, não são nada animadoras. Eu prefiro ir por outro caminho- o de menos pessimismo. É que penso que nada do que está a ocorrer na política moçambicana, por mais desalentadora que seja ela, pode ser motivo de surpresa, pois estamos diante de uma tragédia didacticamente anunciada pelo seu principal personagem.
O facto objectivo e grave resulta do escancaramento de uma obviedade: temos no poder um usurpador, legitimados pelo Conselho Constitucional e seus apaniguados.
Nada disso é trivial e revela morbidez.
Durante este tempo todo, a Frelimo (o seu partido) vem reafirmando desabridamente o seu desapreço pelos valores conhecidos como inerentes ao nosso estágio civilizatório – direitos políticos, civis e individuais, direito à vida e à liberdade, o pluralismo e a tolerância.
E essa mal querência, a Frelimo reafirma agora nas suas primeiras semanas de desatinos bem ensaiados entre os camaradas. O que intriga e espanta é a evidência de que o “Presidente” Chapo é não apenas um usurpador do poder, mas, em todos os termos da definição, um individuo que nada tem a acrescentar a este Moçambique.
E parece ter abraçado, com vigor, o mesmo sadismo dos que torturam o pobre povo há 50 anos. A tortura, material ou psicológica, é ofício do carrasco, psicopata paranoico, destrutivista e sádico; o sádico alimenta-se na dor que inflige ao outro, e quanto mais este sofre mais ele goza. A crueldade é parte de seu carácter.
É por o que acabei de dizer e outras coisas que não me posso deixar levar pelo mesmo estribilho de que as coisas vão melhorar. Se fosse para algo melhor, já haveria sinais- não interessa se são só dois dias de poder-, ou começava-se por deixar-se governar quem legitimamente foi eleito pelo povo.
Desculpa o não me ter apresentado logo: sou Laurindos. E, por apelido, levo o nome de Macuácua.
DN – 24.01.2025