Gulamo Nabi foi um cidadao Moçambicano, era um jovem comerciante de 31 anos de idade, casado e pai de duas filhas.
Na altura, Gulamo Nabi dedicava-se à venda de mobílias e tinha a sua própria loja. Foram tempos difíceis e teve que arranjar um negócio alternativo para o seu sustento. Julgou que fosse oportuno dedicar-se à venda de camarão e comercializava-o na Swazilândia e na África do Sul. Sempre que vendesse o camarão, comprava vídeos- cassete e reprodutores para viaturas para revendê-los em Moçambique. Não era um negócio lucrativo. Era meramente uma forma de sobrevivência.
Numa data qualquer de 1983, a Polícia moçambicana na fronteira de Namaacha recebeu uma denúncia de que alguém iria passar dali com o camarão para vendê-lo na Swazilândia. Foi nesse dia que o motorista de Gulamo Nabi foi preso e com ele foram encontrados 20 caixinhas que nem totalizavam 40 quilos de camarão.
Quando o jovem motorista foi detido, ele confessou que o dono da mercadoria era Gulamo Nabi. Onde mais tarde Gulamo viria a ser preso. Nabi confessou ainda que pelo camarão ganhava qualquer coisa como 50 a 250 contos. Gulamo Nabi foi levado para a cadeia da BO.
Nos dias 25, 26 e 29 de Março e 1 de Abril houve julgamento e o Major Luís Mondlane condenou Gulano Nabi a pena de fuzilamento, e ao seu motorista à pena de 12 anos de prisão e 45 chicotadas. Na altura, o Governo Britânico, o Papa de lá do Vaticano, a Comunidade Muçulmana de Portugal e Inglaterra, a Comunidade Ismaelita da França e muitos outros interessados com a causa, pediram ao Governo moçambicano para que concedesse clemência a Gulamo Nabi e que comutasse a sua pena de execução em prisão perpétua, o que foi rejeitado.
ULTIMOS DIAS DE GULAMO NABI (Morte)
#Part-II
No dia 9 de Abril de 1983 um contingente policial irrompeu pela cela de Gulamo Nabi. Eram 5 horas da manhã. Gulamo Nabi estava ainda a dormir. Sacudiram-no ao chao. De repente uma voz imperativa soou: “Vamos”, ordenaram. “Vão me matar agora?”, perguntou Gulamo Nabi. “Não”, responderam-lhe. Mesmo assim ele pediu: “Dêem-me três minutos para rezar, por favor”. Os seus algozes negaram-lhe e arrastaram-lhe para fora, meteram-no num camião e foi transportado para a lixeira de Hulene.
Lá estavam presentes o presidente do Conselho Executivo da Cidade de Maputo, Gaspar Zimba, estruturas do partido frelimo, grupos dinamizadores e uma banda militar a tocar músicas revolucionárias (aquela cançao frelimista-comunista). Para além de Gulamo Nabi, naquela data foram fuzilados outros cinco presos. Gulamo Nabi foi metralhado entre lágrimas gritava YA ALLAH! YA ALLAH!
Aassim foi o término da vida de um pacato cidadão, condenado por indivíduos mesquinhos só para satisfazerem a sua ambição.
A luta continua!