Por Edwin Hounnou
"Quando não é permitido ao povo realizar mudanças pacíficas, então, a revolução violenta se torna inevitável" - Fidel Castro, antigo presidente de Cuba. Estas palavras encerram a situação de violência por que os moçambicanos estão a passar provocada por negação dos direitos humanos, empobrecimento contínuo, corrupção endémica e de fraudes eleitorais.
Em democracia, as eleições servem para o povo exprimir a sua vontade. Em sistemas autoritários, as eleições servem para enganar o povo. Entre nós, ainda prevalece um sistema em que as eleições constituem momentos de incertezas e de violência policial.
O polícia e o soldado saem da aldeia, povoação, bairro onde deixam seus pais, irmãos e amigos, por isso, não tem sentido que, agora, voltem com armas para ferir e matar os seus. Polícias atiram contra o povo cujo crime consiste em se ter recusado continuar a ser oprimido e roubado por um punhado de ladrões que negam largar o poder diante de irrefutáveis evidências de não terem sido votados para continuarem no poder.
Vimos, nas manifestações, um carro blindado bem acelerado a passar por cima de manifestantes, como sinal de arrogância de um regime decadente. As manifestações violentas são a voltar aarpresos para, de seguida, chaciná-los, tal como fazia o regime do ditator de Idi Amin, do Uganda.
Recordar ao polícia e ao soldado para se lembrar, quando aponta a arma, está a wgir contra o povo e a defender os bandidos que estão podres à custa do suor do povo, dos seus familiares e amigos. Não se deixem enganar. Estará a fazê-lo, apenas em defesa de um punhado de gatunos que se acham que podem matar o povo que protestar.
O povo passa fome e desempregado. O ensino é de baixa qualidade. O sistema de saúde é horrível. Não tem indústria nem agricultura comercial. A actual situação interessa aos governanentes para ganharem chorudas comissões por importações do que bem poderia ser produzidos no nosso país. Eles estão se "marimbando" para o povo. Continuaremos pobres enquanto a Frelimo não for retirada do poder. O problema não quem esteja no poder. Se for a Frelimo, o país está tramado. Não tem como fazer diferente.
A violência é do interesse dos que tomaram os nossos recursos minerais, das centrais térmicas, dos nossos complexos ferroportuários, nas empresas de gestão de estradas e estão nos conselhos de administração das empresas públicas e participadas a encherem os seus bolsos de dinheiro que falta faz aos seus pais, irmãos e amigos.
Somos um dos países mais atrasados do mundo por que estamos sendo governados por aqueles que se bateram contra o colono por ciúmes. Queriam que fossem eles. Queriam que fossem eles a ser os patrões do povo como se comportam tal invasores.
Quando for a disparar, está a defender os que estão interessados na guerra terrorista de Cabo Delgado porque dela, tiram muito proveito. Os polícias e soldados dão tudo, incluindo a própria vida, para bandidos acumularem dezenas de licenças de exploração mineira nas regiões de guerra. De quem é a guerra de Cabo Delgado.
A postura da polícia, em particular da UIR (Unidade de Intervenção Rápida), incita à violência. Nos locais onde a polícia não reprime os manifestantes, não há violência. Onde a polícia se comporta como cão de guarda, tudo termina em violência e mortes. A polícia deveria entender que não é do partido no poder, mas do Estado e do povo.
Quem paga salário aos policias e militares não é a Frelimo, é o povo que está assassinado pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS). Enquanto a polícia e o militar continuarem a se comportarem como forças da Frelimo, a situação vai piorar. A farsa eleitoral não vai terminar por a Frelimo saber que tem do seu lado os órgãos de gestão eleitoral para manipularem os resultados e a polícia para violentar a quem contestar.
É tempo de a policia e soldado passarem para o lado da verdade, da justiça e deixarem os ladrões entregues à sua sorte e passar para o lado do povo. Defender o povo nunca foi traição. Traição é disparar contra o povo que clama pela justiça. Traição é atropelar aglomerados de manifestantes que dizem não ter votado na Frelimo e no seu candidato.
Não há exército no mundo capaz de vencer um povo consciente e revoltado. Vietname, um país pobre e mal equipado, colocou, em 1973, os Estados Unidos de joelho. Em 1974, o exército português depôs o regime colonial-fascista de Salazar/Caetano, sem ter matado um cidadão. As FDS não devem continuar a servir uma corja que vem prejudicando o país há 50 anos.
Os responsáveis por assassinar manifestantes deveriam ser acusados de violação dos direitos humanos e serem, criminalmente, responsabilizados pelo Tribunal Penal International.
Vale defender um regime virtuoso e amigo do povo a um regime de gatunos e fraudulentos. No tempo de Bernardino Rafael, a polícia era especialista na volação dos In direitos humanos. O paradigma da violência policial vai terminar com Joaquim Sive, o comandante que segue? - Temos mais dívidas que certezas. Estamos aqui para ver.
CANAL DE MOÇAMBIQUE - 29.01.2025