A advogada moçambicana, filha do falecido político Máximo Dias e ex-primeira-dama de Cabo Verde, Lígia Dias Fonseca, afirmou numa publicação no Linkedln, que o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, será lembrado como um "presidente assassino".
Na publicação, Lígia descreveu Nyusi como um líder marcado pela indiferença à vida dos cidadãos e responsável pelo aumento de mortes evitáveis durante o seu mandato.
“Tantas mortes evitáveis se este senhor tivesse um pouco de compaixão pelas pessoas. Nunca houve tantos assassinatos em Moçambique, perpetrados por agentes do Estado ou verificados pela ausência total de protecção aos cidadãos (no norte do país), como durante o mandato de Filipe Nyusi. Caso para dizer que o 4º PR de Moçambique ficará conhecido na história com o cognome de Nyusi, o presidente assassino”, escreveu Lígia.
Lígia, filha do ex-político moçambicano Máximo Dias, destacou sua ligação com Moçambique ao dizer que, embora sua família tenha fugido do país devido à situação política, continua a acompanhar os acontecimentos na sua terra natal.
“Sou moçambicana 100%. Nascida na Beira, filha de mãe de Quelimane e pai do distrito de Morrumbala. Por causa da Frelimo, a minha família teve de fugir de Moçambique. Mas nunca deixamos de sentir e viver tudo o que se passa na terra”, afirmou.
A publicação gerou um intenso debate nos comentários, com opiniões semelhantes de diferentes usuários. Ângelo Machombe ironizou: “Ainda bem que a Sra. Advogada não é de Moçambique”. Por outro lado, Tayomara Portugal defendeu Lígia: “A senhora disse o que muitos não têm coragem de dizer, por medo e outros até por covardia mesmo… Não consigo entender como um país pode ficar 50 anos na mão do mesmo governo e a simularem eleições para acabar com a vida das pessoas. Triste.” Emília Pindula também mostrou apoio: “Estamos juntas. Por causa da Frelixo, muita gente abandona o país.”
Críticas mais específicas à governação de Nyusi também foram levantadas. Gil Bembele afirmou: “A falta de estratégia e querer manter o seu partido à força no poder ditou toda essa avalanche a que assistimos. Aliado a isso, a pouca inteligência que caracteriza este senhor e não querer ouvir os que têm cérebro para pensar transformou uma situação fácil de controlar numa guerra contra o próprio povo.”
Já Herminio Guiamba listou as falhas de Nyusi de forma directa: “Ignorância, lucidez, conhecimento, teimoso, parvo, ladrão, bandido, não gosta de ouvir a ninguém, sabe tudo. EPA, chegamos até hoje por conta dele: guerras frias por conta de gás, uma ambição desmedida, e isto que assistimos hoje… O país está totalmente destruído.”
Outros comentários destacaram a falta de perspectiva para mudanças. Inácio José Sozinho escreveu: “No nível em que estamos, nenhuma estratégia desse senhor e do seu partido irá mudar a opinião pública. Pena que são casmurros; deveriam ter entregue o poder antes.” Já Delso Honwana foi contundente: “Assassino de moçambicanos, incompetente, irresponsável, terrorista, memeiro e etc. Infelizmente, Moçambique está destinado à má gestão, porque parece que o próximo também tem características similares.”
Alguns também questionaram a legitimidade de Nyusi como presidente. Mário Fonseca declarou: “Não sei se poderei considerar o Sr. Nyusi como um presidente, porque tinha como dever proteger o povo. A começar pelo fracasso em proteger a província de Cabo Delgado. Desde o início do mandato, achei que ele era muito fraco e nem estava à altura de ser presidente de um grande país como Moçambique.”
Januário Jalane foi categórico em sua crítica: “Este é para mim o pior presidente de Moçambique, de África e do mundo!” Herminio Guiamba complementou: “Lígia e não só por tirar toda nossa riqueza para fora do país, vender tudo menos nada, usar da força para se impor, fazendo dos seus filhos riquíssimos a nível mundial, ultrapassando as dívidas ocultas, criando barreiras contra tudo e todos, um acto de vingança à soberania nacional, violando os direitos da Constituição da República… 10 anos de destruição e retrocesso de Moçambique. Triste, sais e ninguém te terá em suas memórias.”
Portanto, essa não é a primeira vez que Lígia Dias Fonseca faz críticas contundentes à liderança moçambicana. Em Novembro do ano passado, ela escreveu uma carta aberta à primeira-dama Isaura Nyusi, pedindo que usasse sua influência para pressionar Filipe Nyusi a cessar a repressão violenta no país e iniciar um diálogo com as forças sociais e políticas.
Na carta, Lígia criticou duramente a postura da primeira-dama, que estava em Cabo Verde para participar de uma campanha de solidariedade, enquanto Moçambique enfrentava uma grave crise social e econômica, com a Polícia matando manifestantes contra os resultados eleitorais de 09 de Outubro último.
“De mãe, para mãe, peço-lhe, Senhora Nyusi, que crie uma campanha de apoio financeiro e psicológico às famílias das vítimas dos excessos das forças de segurança nas últimas semanas, honrando assim a sua palavra de que somos todos iguais”, escreveu na altura.
De referir, que nos últimos meses o número de mortos pela força policial chega a casa das centenas, em operações caracterizadas pelo uso desproporcional da força contra civis desarmados que tentam protestar contra resultados eleitorais e o governo da Frelimo. (Bendito Nascimento)
INTEGRITY – 11.01.2025