Afonso Almeida Brandão
Os dados estão lançados e a evolução do pensamento dos Moçambicanos brevemente (estamos certos disso) ditará o nosso Futuro Colectivo, enquanto alguns dos pseudo-Comentadores, (vulgo Analistas Políticos) nas nossas televisões e alguns dos “Jornaleiros” que proliferam na nossa praça, por alguns jornais afectos à FRELIMO, tentam tudo para influenciar a cabeça dos cidadãos — anteriormente eleitores enganados —, fazendo de conta que as Eleições Presidenciais de Outubro de 2024 são/foram democráticas. Os programas televisivos de comentário (?) político são uma praga, alguns (?) Comentadores sabem tudo, falam de tudo e nunca têm dúvidas, nunca se interrogam e nunca debatem as razões de Moçambique, ao longo dos últimos 50 anos e com um regime «chuxalista» de políticos tão diferentes, os tais “Metralhas” da FRELIXO que nunca deixaram o País e o Povo de sair da cepa torta e da pobreza em que sempre estiveram, desde 1975. A propósito de pobreza, essa continua a aumentar segundo dados conhecidos, sendo uma maravilha ver e ouvir a “grande família” frelimista a enumerar os grandes feitos dos últimos três (des)governos dirigidos pelos Presidentes da República Joaquim Chissano, Armando Guebuza e Filipe Nyuse ao longo destas cinco décadas, mas sem explicar porque cresce a pobreza. Infelizmente, todos sabemos que a Verdade e a Realidade raramente entram nos Partidos Políticos, sendo que a mentira é já um estado natural na vida do Partido FRELIMO «chuxa-lista».
A naturalidade com que afirmam convictamente as coisas mais absurdas é merecedora de um Óscar para a melhor interpretação. Como os leitores já sabem, a nossa forma de fazer comentário político é através de exemplos retirados da Realidade vivida e das estatísticas publicadas, procurando que a Realidade fale por si. Assim:
Economia — teve um crescimento anémico ao longo dos últimos 20 anos, muito menor do que os parceiros da CPLP do nosso campeonato e apenas a inflação mais recente permitiu equilibrar as finanças públicas, o que, por sua vez, não permitiu que pudesse a Filipe Nyuse enumerar um conjunto de programas assistencialistas, que, todavia, não chegaram para evitar o crescimento da pobreza, o que é naturalmente escamoteado. Além de que sem crescimento económico digno do nome, não haverá (ou houve) forma de haver salários dignos, sendo que o crescimento da Economia e a subida dos salários é a forma de melhorar sustentadamente a vida dos moçambicanos — factores que nunca se concretizaram, como sabemos.
Dívida Pública — a criatividade da Família «chuxa-lista» inventou a ideia de que a dívida diminui, através da criação da sua relação com o PIB, mas, de facto, não parou de aumentar. A dívida pública atingiu ao longo de 2024 o seu máximo de 400 milhões de dolares usd, ou seja, mais 72.000 milhões desde os 10 anos que Filipe Nyuse assumiu o “poleiro”, em 2014. Este é muito do dinheiro distribuído pelo Governo, dinheiro que veio do crescimento da dívida e também, naturalmente, dos fundos recebidos da União Europeia, da China e dos EUA e não da economia produtiva. Sendo que as três origens foram de futuro imprevisível...
Investimento — quer o investimento privado, quer o público atingiram níveis baixíssimos, o que compromete o Futuro da Economia, facto escamoteado através de exemplos pontuais ou fantasiosos, como é o caso do Carvão, do Algodão e de outras riquezas como do Cajú, do Cimento, ou a fantasia do Hidrogénio. Pior, o investimento na Indústria, nomeadamente o investimento estrangeiro, desapareceu, o que é grave porque a Indústria é ainda o sector da economia que pode fornecer melhores salários para os sectores da Sociedade com menos habilitações.
Exportações — Filipe Nyuse andou muito contente porque as exportações nacionais atingiram valores significativos do PIB (segundo a opinião dele). Todavia, a realidade é bem diferente: (a) nenhum País que constituem os PALOP´s e da dimensão de Moçambique com pequenos mercados internos pode sobreviver com exportações de menos de 70% a 100% do PIB, que é o que exportam alguns dos países da nossa dimensão da CPLP; (b) pior, o crescimento das nossas exportações deve-se ao normal crescimento de sectores da indústria, como o calçado (de que foi exemplo a empresa INCATEL (já extinta), a metalomecânica a partir da Matola, cujos investimentos foram iniciados há 30 anos. Além do Turismo mais modernamente, mas este é um sector que por definição pratica baixos salários e não garante continuidade — que o diga a Agência CATUR...
Ferrovia — constitui a maior mentira inventada pela FRELIMO para enganar os moçambicanos, enquanto constitui uma verdadeira traição ao interesse Nacional, nomeadamente permitindo que os nossos concorrentes sul-africanos controlem as nossas exportações a partir do momento em que o transporte rodoviário se torne menos competitivo, o que será uma fatalidade em vista das políticas ambientais e logísticas criadas pelos países dos PALOP´s. A ideia da FRELIXO, defendida pelos “metralhas” que nos têm (des)governado ao longo destes últimos 50 anos, de evitar a concorrência dos sul-africanos aos CFM, através da manutenção da bitola da África Austral, bate todos os limites da ignorância humana.
Serviços públicos — o preenchimento da direcção dos serviços públicos por “boys” da FRELIMO agora sob os “comandos” de Daniel Chapo inexperientes e imaturos, além de pouco dados a preocupações éticas —, tem criado o caos organizativo e financeiro um pouco por todo o lado, apesar de ter sido empossado há poucos dias. E a instabilidade e a desordem que se vive no País há cerca de 5 meses têm feito o resto. Como sequência lançou-se dinheiro sobre o problema nos mandatos de Guebuza e Nyuse, a corrupção disparou, a Justiça entrou em pânico e organizaram-se máfias e traficantes de drogas bem organizados que mais não fazem de estar a destruir os objectivos tradicionais de qualquer administração. O caso do Ministério das Finanças chefiado por Manuel Chang preso nos EUA, podemos adiantar que o modelo pode servir de exemplo do ponto a que se chegou: a passagem da corrupção individual e familiar para a organização mafiosa. O caso das DÍVIDAS OCULTAS, em Maputo, teve contornos incriveis que acabaram por “atirar” para a prisão uma boa dezena de implicados, a contar com um dos filhos do ex-Presidente da República, Armando Guebuza. E a verdade é que ainda há muito para apurar sobre este escândalo que colocou Moçambique «nas bocas do Mundo», a vergonhas das vergonhas alguma vez ocorrida no nosso País...
Democracia — trata-se provavelmente da maior mentira da política moçambicana, porque apenas pouco mais de 30% dos moçambicanos vota, porque a participação política é muito baixa e na raiz do problema está o facto dos representantes do Povo serem escolhidos pelos líderes partidários e não pelos eleitores, o que não acontece na esmagadora maioria das democracias africanas e também europeias. Além de que a maioria dos partidos recusa a reforma das leis eleitorais, ou seja, recusa a democratização do Regime.
Educação — trata-se do mais importante sector da governação, nomeadamente para combater a pobreza e a ignorância que se perpetua no seio das famílias moçambicanas pobres (que é a maioria), sem que os governos compreendam que é nas creches e o no pré-escolar de qualidade que se pode combater esta tragédia e não no Ensino Superior, que sofre com isso. Governos que não compreendem a importância da qualidade da alimentação e a existência de transporte. A falta de exigência cruza negativamente todo o nosso sistema de Ensino, enquanto milhares de alunos espalhados de Norte a Sul do País, continuam a sentarem-se no chão, debaixo de árvores, porque não há carteiras nem bancos, nem sequer edifícios de escolas. Enfim, os exemplos são mais do que muitos!...
Talvez que estes exemplos cheguem para se compreender que existe em Moçambique um problema de qualidade das Lideranças, o que resulta de o processo não democrático da escolha ser feita pelos Partidos e não pelos Eleitores. Como resultado, a má governação do País, as eleições sucessivas fraudulentas, seja/é escondida através do uso sistemático da mentira e da fingida meia-verdade. Assim, o Conselho Contitucional, o STAE e a CNE continuam impunes e NUNCA foram responsabilizados. E o cerne da questão, a RAÍZ DE TODOS OS MALES que o País vem sofrendo — a verdade é que ninguém surgiu com coragem para combater estes “metralhas” a fim de irradiar de Moçambique definitivamente com a Vigarice, a Ladruagem crescente ao Erário Público — e de tantos outros nefastos factores. E podíamos incluir nesta rubríca a PRP que nada faz ou controla. E aqui chegados não podemos deixar de referir, a título de exemplo, a coragem de Venâncio Mondlane que sempre combateu estas causas que são o câncro dos problemas das fuga de Divisas doadas a Moçambique e que desaparecem «como que por encanto» com destino a Paraísos Fiscais.
Em suma: Doações que nos chegam através de Fundos Europeus, da China e dos EUA mas que ningém sabe para onde são canalizados ...