Na noite da Sexta-feira, o autoproclamado presidente eleito pelo povo Venâncio Mondlane, convocou a população moçambicana para uma paralisação nacional de três dias em repúdio ao empossamento de deputados da Assembleia da República e à tomada de posse do Presidente da República, marcados para os dias 13 e 15 de Janeiro, respectivamente.
Durante uma transmissão ao vivo, no seu Facebook, Mondlane mais uma vez fez críticas ao processo eleitoral, que, segundo ele, foi marcado por manipulações, negociações obscuras e traição à-vontade popular. E, apelou a todos os cidadãos para que se manifestem pacificamente com cartazes e imprimam fotografias do candidato presidencial em que realmente votaram, para mostrar a discrepância entre o que foi declarado pelas autoridades e a escolha popular.
Mondlane afirmou que os deputados que serão empossados na Segunda-feira não representam os interesses do povo, mas sim os seus próprios e os de quem negociou os resultados das eleições.
Para este, a instalação da Assembleia da República representa uma afronta à soberania popular. “O povo está sendo humilhado, assassinado e escravizado. A soberania virou um negócio, e os votos do povo foram colocados numa mesa para negociação. Vamos bater palmas a esta traição?”, questionou.
Também, criticou a tomada de posse do presidente eleito, Daniel Chapo da Frelimo, prevista para Quarta-feira, classificando-a como a consagração de um processo eleitoral fraudulento e sustentado por métodos como sequestros e manipulação de resultados.
A mobilização convocada por Mondlane está marcada para os dias 13, 14 e 15 de Janeiro, das 8h às 17h, com manifestações pacíficas em todo o país. Este pediu que os cidadãos levantem cartazes para expressar repúdio ao empossamento dos deputados na Segunda-feira, a quem chamou de “traidores do povo”, e, na Quarta-feira, dos que qualificou como “ladrões do povo”.
Este, reforçou a necessidade de manter o carácter pacífico das manifestações, pedindo que não haja destruição de bens públicos ou privados, nem confrontos entre os próprios moçambicanos.
Uma das propostas centrais feitas por Mondlane foi que cada cidadão imprimisse em tamanho A4 ou A3 a fotografia do candidato em que votou nas eleições. Acredita que esta acção simbólica servirá para revelar a verdadeira vontade do povo e para demonstrar a insatisfação com os resultados oficiais.
“Vamos mostrar quem realmente foi votado. É o momento de dizermos não à humilhação e de reafirmarmos que o poder emana do povo”, apelou.
Mondlane aproveitou a ocasião para criticar duramente a postura de partidos políticos da oposição, que, segundo ele, esqueceram a “verdade eleitoral” e não se preocupam com as mortes e violações de direitos que têm ocorrido.
Portanto, um dos partidos que verá os seus deputados empossados, é o partido que suportou a candidatura de Mondlane, o PODEMOS. É o mesmo partido que tem um acordo que nos últimos dias tem estado envolto a controvérsias entre as partes que aparentam ter vontades distintas.
Resta saber como as autoridades irão reagir a este apelo, uma vez que, na maior parte das vezes, a polícia responde com uso da força bruta às manifestações pacíficas, contando com centenas de cidadãos mortos. (Bendito Nascimento)
Integrity – 12.01.2025