Escrito por Adérito Caldeira
O nosso país que hoje importa até repolho já foi, antes da independência, uma das mais pujantes economias de África produzindo não só comida para o consumo interno mas também para a exportação, “(...) nós não comprávamos farinha milho de fora (...) arroz nós comíamos da província da Zambézia (...) nunca comprávamos laranja da África do Sul (...) éramos o segundo país produtor de copra no mundo”, afirma o professor João José Uthui em entrevista ao @Verdade onde aponta como solução para voltarmos a ser auto-suficientes “desenhar o modelo de desenvolvimento económico que nos permita produzir utilizando a matéria-prima que temos, investir na educação e na agricultura mecanizada”.
“Eu penso que o grande problema que nós temos é que não temos o que é nosso, nós não produzimos nada” começa por diagnosticar o académico que, quando questionado pelo @Verdade sobre quando é que o nosso país já foi auto-suficiente, diz que a sua perspectiva começa antes da independência nacional pois nasceu e viveu nesse tempo.
“Em 1968, 69 e 70, Moçambique era a nona economia de África, depois dos Países do Magreb, Nigéria, Angola, África do Sul e do Zimbabwe. Alguns miúdos quando digo hoje que a manta que você usam nós já fabricamos, dizem este velho conta sempre anedotas, mas é a verdade. Já produzimos mantas iguais a estas que estamos a ir buscar na África do Sul com o algodão produzido em Nampula. Tínhamos mantas de todas as qualidades, desde mantas para o chão, mantas para militares, para uso em hotéis e até para exportação para Europa. Tínhamos três fábricas de cobertores”, declara Uthui que se escusa de falar nas fábricas de castanha de cajú “porque a amêndoa saía já com o rótulo daqui”.
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