Foi através de uma carta denúncia colectiva que as comunidades afectadas pelo projecto de exploração de gás natural liquefeito em Palma, Quitupo, Macala, Mangale e outras localidades revelaram que a multinacional francesa está a violar direitos das comunidades acima mencionadas.
De acordo com uma carta a que tivemos acesso, a população fala da violação de acordos, reassentamento injusto e que desrespeita os direitos humanos, falta de apoio do governo e corrupção, razão pela qual a população pediu ajuda às diversas organizações da sociedade civil, imprensa e organizações de defesa de direitos humanos.
Conforme consta na missiva em nossa posse, a população diz que “as acções da gigante petrolífera francesa TotalEnergies tem lhes prejudicado gravemente.”
A população avança que “conforme o acordo estabelecido entre a TotalEnergies e as comunidades, as pessoas impactadas pelo Projecto, tanto fisicamente quanto economicamente, deveriam receber compensações monetárias pelas perdas de seus bens, casas e também uma parcela de terra de 1 hectare para produção agrícola. Aqueles afectados economicamente tinham direito de receber compensação monetária pelas perdas de seus bens e uma terra de reposição de 1 hectare.”
Porém, refere a população que “após a entrega das parcelas na zona de Macala a mais de 500 famílias, a TotalEnergies veio ao público anunciar a desistência do projecto de Terras Agrícolas de Reposição (RAL), alegando falta de sustentabilidade. Isso ocorreu após a empresa ter destruído machambas (terras agrícolas) das comunidades com suas máquinas.”
Prosseguindo, a população afirma que “a TotalEnergies retomou os trabalhos de reassentamento em dezembro de 2023. No entanto, todos os acordos assinados durante esse período são acordos que legalmente não têm nenhum valor. A TotalEnergies aproveitou-se da ignorância e falta de conhecimento jurídico dos beneficiários para enganá-los e se apropriar de suas terras. Agora que a empresa já atingiu seus objectivos, busca dispensar essa população sem os devidos pagamentos, deixando as terras esquartejadas pelas estradas do projecto.”
A população diz que “as famílias foram obrigadas a parar de produzir nessas machambas após a assinatura dos supostos acordos. Hoje, são obrigadas a retornar e começar do zero, enquanto a TotalEnergies já colhe os frutos de seus esforços.”
Acrescentando, a população revela que “o governo não está a defender os interesses da população. Existem várias queixas apresentadas nos comités de reassentamento e até na Procuradoria de Palma que nunca avançaram, pois a TotalEnergies tem grande influência nesta região do País. Todo o sistema está corrompido. As pessoas têm medo de falar, pois há casos de pessoas que apresentaram queixas e desapareceram durante a noite, nunca mais foram vistas.”
Sem alternativa, a população pretende processar a TotalEnergies e obrigá-los a pagar os direitos dos afectados com o mega-projecto da companhia francesa, como forma de mostrar que aqui “a terra é dos moçambicanos e não dos franceses.
De referir que a TotalEnergies ainda não reagiu publicamente sobre os episódios que paralisaram as actividades no seu acampamento em Palma, e muito menos as reclamações da população naquela região do País. (Omardine Omar)
INTEGRITY – 15.11.2024
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