Por Edwin Hounnou
Não temos margem para dúvidas de afirmarmos, de modo firme e categórico, que o partido Frelimo não ganhou as eleições de 11 de Outubro findo, como o afirma o Conselho Constitucional, CC.
Os resultados proclamados pelo CC são, de todo, falsos, fabricados por seus agentes nas assembleias de voto, no STAE e na CNE, a diversos escalões, e pelo CC. Celebrar a vitória de um roubo tão vergonhosos e da desonestidade é falta moral e ética.
As organizações de gente honesta não acolhem um produto de roubo, muito pelo contrário, repudia e apela para a responsabilização criminal dos seus autores. Enquanto entre nós, a desonestidade, o roubo, a corrupção são celebrados como vitórias e seus autores são premiados e promovidos à categoria de heróis da pátria. É o fim da moral! É o fim da ética! É o triunfo dos vendilhões da vontade popular.
Vem-nos à memória o nome de uma senhora chamada Fernanda Moçambique que foi flagrada, em 2013, nas eleições de Gurue, com várias dezenas de votos pre-assinalados a favor da Frelimo, hoje, segundo as notícias que temos, é administradora do Distrito de Limpopo, em Gaza. É mesmo para se dizer que o crime, a corrupção, bandidagem e desonestidade compensam. Segundo o partido Frelimo, sim, compensam muito bem.
Na óptica a Frelimo, para subir na vida, é preciso que seja criminoso, assassino, bandido e corrupto. Conhecemos um grande assassino que ostenta a patente de grande, promovido para a tal categoria por ter fomentado intrigas, mentiras e matado muitos colegas de trincheira.
A Frelimo sempre compensou com medalhas de prata, ouro e muito dinheiro a bandidos. Esta foi e sempre será o modus faciendi da Frelimo.
Como se explica que a Frelimo tenha saído vitorioso nas autarquias de Maputo, Matola, Vila de Marracuene e Matola-Rio, por onde passamos durante a votação e vimos o descontentamento popular na cara das pessoas? Em Maputo e Matola era preciso empreender uma longa viagem para encontrar uma mesa onde a Frelimo estivesse a vencer.
A soma aritmética dos números obtidos a partir das mesas permite concluir de que a explicação dada pelo CC, um órgão político por excelência com aparência de ser jurídico, não convenceu. Foi evasiva, incompleta e parcial. Ficou por se explicar sobre as reais razões que ditaram a derrota da Renamo nas autarquias de Maputo e da Matola, onde a derrota a Frelimo era estrondosa.
Até poderia se acreditar que a Renamo perdesse, por hipótese, em todas as autarquias à excepção de Maputo e Matola. A vitória da Renamo nestas duas autarquias era demasiado vistosa. Não precisa de instrumentos especiais para ver que o partido Frelimo perdeu. Se o critério foi de números, não pode haver dúvidas da derrota. Se o critério tiver sido um outro, que nem está previsto na lei, não temos como adivinhar.
A única certeza que se pode ter, se nos passarmos na simples aritmética de somar os números, a Renamo venceu nas autarquias de Maputo e da Matola. As nossas dúvidas avolumam-se mais por cada dia que passa sobre como a vitória da Frelimo foi "arrancada".
Não há nada que nos pode levar a concluir de que a Renamo perdeu. Se perdeu, não foi por voto porque a Frelimo não obteve votos bastantes para ganhar.
A vontade do povo não pode ser objecto de compra/venda. Vem escrito na Constituição que a soberania reside no povo, o que o povo determina deve ser respeitado.
A ninguém é permitido vender a vontade do povo e ninguém tem dinheiro bastante para comprar a vontade popular. Vender a vontade do povo é traição. Comprar a vontade do povo é traição. Os traidores devem ser odiados e desprezados pelo povo.
A 20 deste Novembro, uma fonte de confiança havia nos alertado de que estariam a decorrer conversações secretas ao mais alto nível dos partidos Frelimo e Renamo para que esta se abdique de reivindicar vitória nas autarquias de Maputo e Matola.
Por parecer ser uma aberração, decidimos esperar pelo CC. Agora não conseguimos ver o truque usado para a Frelimo "arrancar" estas duas autarquias. Pelo voto? - Nada disso! A aberração que se suspeitava veio a confirmar-se.
Em 2003, perguntámos ao presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, sobre a razão que faz a Renamo não tomar o poder mesmo de massivamente ter sido votada, como foi 1999. Dhlakama disse que a Renamo lutou pela democracia e não pelo poder. Dissemos, sem muitas delongas, que estava a enganar os seus seguidores. Que qualquer projecto sobre a democracia será sempre nula enquanto não se pretender chegar ao poder. Não há nem pode haver democracia sem o poder nas mãos.
A História de venda de resultados voltou a repetir-se? Isso a ser verdade, quando o povo ganhar a consciência da dimensão deste bicudo problema, vai chutar a Frelimo e encurralar todos os demais implicados nesta bolada, a terminar nos órgãos eleitorais que organizam e operacionalizar este tipo de fraudes.
Canal de Moçambique, 13.12.2023
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