Hoje o CC vai pronunciar-se em Maputo
O município de Nacala- Porto, na província nortenha de Nampula, está em polvorosa, tudo pelo facto de ser hoje que o Conselho Constitucional vai proceder à proclamação e validação dos resultados da segunda volta das eleições para a presidência da edilidade, realizadas a 11 de Fevereiro último. Depois de cerca de 45 de espera a tensão é grande. Uns aguardam para celebrar outros ameçam não aceitar os resultados.
Com a divulgação da notícia através de um comunicado de imprensa emitido pelo CC a dar conhecimento do acto, que vai ter lugar hoje no Centro Internacional de Conferências Joaquim Chissano, na capital do país, Maputo, alguns munícipes daquela autarquia contactaram a reportagem do Canal de Moçambique para manifestar a sua inquietação sobre a decisão do CC.
Roberto Manuel, reside na cidade Baixa, em Nacala-Porto. Em contacto telefónico, na tarde desta segunda-feira, disse-nos: “nós como munícipes que conhecemos a verdade de Nacala não vamos aceitar a decisão do Conselho Constitucional, por isso não reconhecemos o candidato da Frelimo, Chalé Ossufo, como vencedor e por conseguinte não admitimos a sua tomada de posse como edil”.
Há ainda munícipes que dizem igualmente que “reconhecemos a decisão do Conselho Constitucional, porque juridicamente, por trabalhar com produtos acabados, produzidos pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), ao CC apenas cabe-lhe validar e nunca o contrário”, dai que “apelamos ao presidente da República, o senhor Armando Guebuza, para que tome uma decisão perante esta situação”, porque “é a imagem do país que está em jogo” e, “ele como o garante da Constituição da República é o último recurso neste momento”.
As nossas fontes, pedem ao presidente Guebuza, para que “esqueça os cometimentos político-Partidários e ponha os interesses do Estado moçambicano em primeiro plano”.
Neste momento o ambiente em alguns círculos de Nacala é difícil. Os ânimos estão exaltados. Cada ambiente varia consoante o favoritismo político. Está tenso na periferia, onde o ainda edil, Manuel dos Santos, da Renamo, é muito apoiado. Na cidade cimento não há quem se manifeste abertamente, mas os resultados mostram uma preferência pelo candidato da Frelimo.
Na zona do cimento, tudo é mais complicado. Uns comemoram vitória, outros desconhecem o seu futuro, tanto profissional, como politico.
“O homem da Frelimo não será como o Santos” e “muitos dos funcionários da edilidade, com Chalé Ossufo na presidência, irão para o olho da rua e outros ainda serão perseguidos”, são alguns dos comentários.
Ossufo já veio publicamente dizer que “quando tomar as rédeas daquela edilidade, a primeira actividade será uma auditoria séria às Finanças internas”. Só por si isto mostra que o ambiente está de se cortar à faca.
A posição dos partidos
Contactámos telefonicamente Chalé Ossufo, o vencedor da segunda volta, a crer-se que não haja alterações ao que a CNE já anunciou. Recusou-se a dar qualquer informação. Remeteu-nos ao porta-voz, Faustino Loja, por ser “assunto do partido Frelimo”.
Loja disse haver muita expectativa, no seio do partido e da população. “Já não sabíamos como ir, porque estava a levar muito tempo. Assim estamos satisfeitos”.
Instado a pronunciar-se sobre a posição do partido Renamo que não quer largar as rédeas daquela autarquia, o porta-voz de Chalé Ossufo, disse não que não estão preocupados.
Renamo ameaça não desarmar
Entretanto, Arnaldo Chalaua, porta-voz da Renamo em Nampula, reiterou o posicionamento do seu partido em não deixar a governação de Nacala-a-Porto em mãos alheias, neste caso nas da Frelimo.
“Vamos manter o nosso posicionamento. O que interessa é a intenção da população, porque a fraude é demonstrada e foi vista por todos, dai que o presidente Santos não vai entregar as chaves” – disse Chalaua.
Num outro desenvolvimento aquele porta-voz avançou, em jeito de ameaça, que “se a Frelimo tentar nos afugentar nós vamos dar resposta na hora”. “Não posso assegurar e nem precisar a presença de homens armados em Nacala-a-Porto” – concluiu Arnaldo Chalaua.
(Aunício da Silva) - CANAL DE MOÇAMBIQUE - 31.03.2009
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