Corria o mês de janeiro quando Lisboa recebeu oficiais norte-americanos para uma reunião discreta com dirigentes e autoridades nacionais — o tema seria a manutenção das tropas portuguesas na República Centro-Africana. Nessa altura, ainda não se previa uma rebelião do grupo Wagner na Rússia, muito menos a morte do seu líder, mas a atividade da milícia paramilitar em África — onde angaria múltiplos negócios e desenvolve atividades militares — esteve em cima da mesa. Para os EUA era fundamental poder continuar a contar com os portugueses, que estariam menos entusiasmados com ideia de prosseguir com a mesma força naquele cenário. Era um encontro em que estava muito em jogo.

Ainda que sem comentar a reunião de Lisboa, cuja existência o Observador confirmou, o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, o correspondente ao Ministério dos Negócios Estrangeiros em Portugal, garantiu esta semana, em resposta escrita, que os Estados Unidos “continuam a trabalhar com os parceiros portugueses, europeus e africanos para promover a estabilidade na República Centro-Africana [RCA]”.

De acordo com o que conseguiu apurar o jornal norte-americano Politico, que noticiou em primeira mão a existência desse encontro em Lisboa em janeiro de 2023, os dirigentes portugueses estariam a reconsiderar deixar, em abril, a missão de treino da União Europeia na República Centro-Africana, uma das três missões que Portugal integra, além da MINUSCA (da Organização das Nações Unidas) e da missão civil de aconselhamento e monitorização da União Europeia.

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