A FRELIMO completa, a 25 de junho, 60 anos desde a sua criação. À DW África, o general e membro fundador da FRELIMO, Mariano de Araújo Matsinhe, recorda que "quem traísse a luta de libertação nacional era fuzilado".
A Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), partido que dirige o estado moçambicano desde a proclamação da independência, há 47 anos, comemora este ano 60 anos desde a sua fundação, na Tanzânia, em 1962. O partido dirigiu a luta pela libertação de Moçambique.
A FRELIMO teve "os seus pecados", ao longo do percurso, alguns dos quais as mortes de Uria Simango, Joana Simeão, Lázaro Kavandame, Padre Mateus Gwenjere, entre tantos outros notáveis que foram considerados "traidores" pelo próprio partido.
Por outro lado, outro "erro de percurso" da FRELIMO, foi o programa Operação Produção, lançado em 1983, que acabou por transformar- se num "verdadeiro corte" de laços familiares, cujos seus entes queridos foram enviados para o Niassa e alguns nunca mais regressaram.
No âmbito dos 60 anos da FRELIMO, a DW África conversou com o antigo ministro moçambicano da Segurança, nos anos de 1980, Mariano de Araújo Matsinhe, sobre estes e outros temas.
General na reserva e membro fundador da FRELIMO, Mariano de Araújo Matsinhe reafirma, sem hesitar, que "quem traísse a luta de libertação nacional era fuzilado", fazendo referência às mortes de Uria Simango, entre outros.
Sobre a Operação Produção, Matsinhe entende que o projeto tinha o seu mérito. E defende que a FRELIMO não tem de pedir "perdão" pelas violações de direitos humanos causadas por este projeto, como sugerem alguns analistas moçambicanos.
DW África: O que o moveu, na altura, a juntar-se à FRELIMO?
Mariano Matsinhe (MM): Quando vou a Lisboa estudar, através de uma bolsa de estudos que o Estado Português me concedeu, começamos [na companhia de outros estudantes moçambicanos] a sentir que deveríamos fazer alguma coisa na luta pela libertação nacional. E isso começou a materializar-se nas nossas cabeças. E juntei-me à FRELIMO em 1962 em Tanganyika [hoje Tanzânia].
DW África: Foi nessa altura que decidem assumir o risco de ir para uma luta, onde não sabiam qual seria o vosso futuro?
MM: A ideia que nós tínhamos nessa altura era 'vale a pena morrer do que viver debaixo do colonialismo'. E era isso que nos motivava.
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