Canal de Opinião por Noé Nhantumbo
Inquinaram o significado de governar, para se governarem. Alguém deu carta-branca a alguém.
Um fim de mandato a galope e autorizando concessões e aprovando licenças parecia algo normal e dentro das prerrogativas do Governo de AEG.
Mas, na verdade, havia algo de anormal, que os olhos dos responsáveis governamentais não queriam que os cidadãos soubessem.
Desde o “caso Tata Moçambique” que estava declarado o assalto aos cofres públicos.
As nossas “zelosas” organizações da sociedade civil não se preocuparam, ou fecharam os olhos. Também muitas delas comem das mesmas mãos que se estavam lançando aos cofres públicos.
Moçambique assistiu, nos últimos anos, a uma violenta campanha de enriquecimento rápido ilícito, documentado e autorizado nos mais altos escalões do Executivo. Compadrios, tráfico de influências, clientelismo, “procurement” completamente distorcido e ilegal cimentaram a existência de condições para delinquir e defraudar o Estado.
Isso aconteceu porque foram criadas condições para silenciar e reprimir quem se mostrasse contra o esquema montado.
Pode já ter sido esquecido, mas, na última reunião do Comité Central da Frelimo, Alcinda Abreu, terá definido de forma clara que o “estado instituído era de medo” e que nos corredores o ar era pesado.
Alguém recebeu carta-branca do seu partido e com ela avançou e assenhoreou-se do Estado e dos seus recursos. O estado de medo referido conseguiu atrofiar mentes e acobardar gente que sabe que algo estava sendo gravemente mal feito. Houve um conluio aberto entre titulares de altos cargos governamentais em assuntos que lesaram financeiramente o Estado. E da parte de muito “boa gente” só se viu silêncio como habitualmente. É o “chefe todo-poderoso” fazendo e ditando. Ninguém se atreve a contrariá-lo. Esse ambiente prevalecente contribuiu para a derrapagem do país para a confrontação político-militar.
E porque as alas internas na Frelimo se batiam para ver a outra enfraquecida e insignificante, este partido perdeu a liderança e passou a ser uma caixa de reacção.
Vendo o seu legado histórico-político ameaçado, cerrou fileiras sem nunca se ter preocupado em corrigir o que estava a ser mal feito.
Quando um dos mediadores do CCJC diz na imprensa que estão cansados de tantos atrasos e impasses, ele não mente, mas esconde parte da verdade. Ele e outros membros da sociedade civil têm adubado e estrumado estes atrasos ao beneficiarem directamente das mordomias que o regime instalado sabe distribuir. Alguns até fazem e têm negócios com as partes.
É preciso que as organizações da sociedade civil se demarquem da cumplicidade activa em que algumas delas têm estado activamente engajadas.
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