Numa altura em que se agudiza a crise de sucessão no seio do maior partido da oposição, Renamo, com o assunto de sucessão a ser dirimido em tribunais, o presidente do Conselho Municipal de Quelimane, Manuel de Araújo, propõe a manutenção de Ossufo Momade na direção do partido até a realização do Congresso depois das eleições e, em sede do Conselho Nacional eleger-se nova figura para candidato do partido às eleições presidenciais de 9 de Outubro próximo.
Manuel de Araújo critica o recurso aos tribunais, avançando que ainda havia espaço, internamente, para tratar do assunto.
“A melhor solução neste momento não é optar pelos tribunais. Acho que ainda há espaço para encontrarmos uma solução interna. Já foi dito que o Conselho Nacional (CN) será na primeira quinzena de abril e deve acontecer”, disse.
Araújo entende que os recursos internos ainda não tinham esgotado, pelo que Venâncio Mondlane deveria ter seguido essa via e, seguir ao tribunal depois de esgotados todos mecanismos internos, sublinhado que a Renamo é um partido democrático.
Esclareceu que o que Venâncio Mondlane está a fazer, num Estado de Direito Democrático não é ilegal, mas para o bom nome e imagem do partido que ele pertence é importante preservá-lo, resolvendo os problemas dentro, até esgotar os mecanismos existentes.
Sublinhou que não havendo soluções internas que satisfaçam os membros que reivindicam algo, aí, eles, segundo Araújo, têm o direito de recorrer aos tribunais.
Falando ao SAVANA, à margem da conferência internacional sobre reintegração, organizado, nesta quinta-feira, pelo Instituto para Democracia Multipartidária (IMD), o edil de Quelimane considera a fase que o seu partido está a atravessar como sendo uma prova dos nove.
As crises, avança, fazem parte dos processos de crescimento de partidos políticos em todo mundo e não são elas que determinam que o partido será penalizado ou não nas urnas, mas sim, a forma como as mesmas são geridas.
Avançou que não basta dizer que o CN vai acontecer na primeira quinzena de Abril apenas, é preciso marcar datas concretas e local atempadamente, tal como prevê os estatutos, para que as pessoas possam se preparar logisticamente para esse evento.
“O CN deve, na minha óptica, determinar se vai ou não convocar o Congresso, se vai criar condições para que todos aqueles que têm requisitos e querem concorrer possam, verdadeiramente, concorrer porque isto é democracia”, disse.
Destacou que não há candidato único na Renamo, sendo que o próprio presidente disse, recentemente, que ainda não é candidato. Deste modo, refere que tem de haver um espaço em que se abrem as candidaturas para todos aqueles que querem, de forma democrática, apresentarem as suas candidaturas e depois há um processo de legitimação das candidaturas.
“Fazendo isso a Renamo até sai por cima e vai se provar que se estava a fazer uma tempestade num copo de água”, refere.
De acordo com Manuel de Araújo, a ter de esperar que seja o tribunal a obrigar a Renamo a realizar o Congresso a actual direcção da Renamo estaria a caminhar numa via errada porque, não pode ser uma instância judicial a determinar a realização de um congresso.
“A decisão do tribunal é uma obrigação e o não cumprimento traz sanções. O partido não precisa deste tipo de humilhação quando se pode resolver internamente estes problemas todos”, assinala.
Predicar Moçambique
O edil de Quelimane convoca a todos os membros da Renamo para uma reflexão profunda de modo a se encontrar uma solução airosa da situação em que o partido se encontra. Araújo considera que uma Renamo fraca prejudica Moçambique, a democracia, o desenvolvimento sócio económico bem como o investimento estrangeiro.
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