Foi este acontecimento, aqui romanceado por José Rodrigues dos Santos, na sua obra O ANJO BRANCO, que motivou a ida da 2ª Companhia de Caçadores de Boane para o Zambué.
As fardas que habitualmente se viam no hospital eram os camuflados militares, mas quando naquela tarde José Branco e a mulher chegaram apressadamente às urgências depararam-se com uniformes da PSP por toda a parte. A consternação era geral e Mímicas, que até então se recusara a acreditar na notícia, começou a chorar por ver nos rostos carregados dos polícias a confirmação do que o marido lhe anunciara minutos antes.
A irmã Lúcia passou nesse instante pelo pátio com um balde de água e o director interpelou-a. "Onde está o Trovão?"
A freira indicou com a cabeça uma porta das urgências reservada ao pessoal do hospital.
“Lá dentro."
José meteu pela porta e entrou numa sala onde se encontrava um corpo deitado sobre uma marquesa. Reconheceu o amigo e sentiu um nó apertar-lhe a garganta. Nem se conseguiu aproximar, como se uma barreira invisível o impedisse de avançar um passo que fosse. Deu meia volta e, contendo as lágrimas, saiu precipitadamente do edifício e juntou-se a Mimicas. "Doutor Branco", chamou uma voz.
Ainda abalado, o médico voltou-se e reconheceu o homem fardado que o interpelara; era o tenente Lopes, subcomandante da PSP. Vinha com a camisa desfraldada e parecia desorientado. "Senhor tenente", cumprimentou-o. Aquela era provavelmente a pessoa com quem mais precisava de falar naquele instante.
'0 que aconteceu?"
O tenente Lopes tirou o boné e limpou com as costas da mão a transpiração que lhe escorria em abundância pela testa.
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