O Governo, através do Ministério da Economia e Finanças (MEF), ordenou a aposentadoria compulsória de todos os funcionários da administração pública que tenham idades entre os 65 anos (para homens) e 60 anos (para mulheres).
Segundo um despacho divulgado nesta segunda-feira (12) pela Agência de Informação de Moçambique, o MEF deu a todos os funcionários abrangidos pela medida um prazo de dez dias, a contar a partir de 1 de Agosto, para apresentarem os documentos necessários para efectuar a regularização das suas aposentadorias.
“Trata-se de um pedido de pensão dirigido ao director-geral do Instituto Nacional de Previdência Social, uma cópia autenticada do documento de identidade do requerente, seu número de contribuinte (NUIT) e um certificado comprovando o tempo de trabalho no sector público”, descreve.
O despacho clarifica que cada funcionário deve entregar a documentação ao gestor dos recursos humanos ao nível do seu sector, destacando que, dentro de seis meses, os mesmos vão começar a receber as suas pensões.
Conforme o órgão de comunicação, o MEF não estima quantos funcionários serão afectados pela aposentadoria compulsória, nem a verba que a medida deverá economizar.
Em Fevereiro, o representante do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Moçambique, Alexis Mayer-Cirkel, considerou fundamental uma reforma da despesa com salários da administração pública no País, de forma que liberte recursos necessários para investimentos no sector social e das infra-estruturas.
“A reforma salarial é importante, porque os recursos públicos são escassos e quando são excessivamente absorvidos pelos salários não ficam disponíveis para sectores como o da educação e das infra-estruturas”, afirmou.
Na altura, o responsável explicou que o importante para o crescimento económico é o investimento, enquanto a folha de salários é um gasto corrente, sustentando que “Moçambique registou um choque fiscal muito grande em 2023, devido a uma espiral com a rubrica de salários no Estado, mas conseguiu conter essa subida”.
“Tenho muitos amigos funcionários públicos e desejo a todos que recebam um salário muito alto, mas estou aqui como economista. O custo com os salários não deve tirar uma parcela equivalente a 80% da riqueza nacional, porque não haverá margem para um investimento produtivo na economia e nas áreas sociais básicas”, sublinhou.
Mayer-Cirkel defendeu que a reforma salarial deve ser continuamente monitorizada e avaliada, para que as pessoas sejam pagas em função do devido enquadramento profissional.
O economista considerou satisfatórios os avanços registados por Moçambique, no âmbito do programa acordado com o FMI, designadamente a aprovação da Lei sobre o Fundo Soberano, a submissão ao Parlamento da revisão da Lei de Probidade Pública e os progressos que o País registou no reforço do quadro regulatório e institucional contra o branqueamento de capitais e o terrorismo, além da já aprovada Tabela Salarial Única (TSU).
Cada funcionário deve entregar a documentação ao gestor de recursos humanos ao nível do seu sector, sendo que, dentro de seis meses, os mesmos vão começar a receber as suas pensões
“A implementação da TSU custou 28,5 mil milhões de meticais mais do que o esperado. O custo inicial esperado da reforma da massa salarial durante o período 2022-23 era de 19,2 mil milhões de meticais, o equivalente a 1,4% do PIB”, recordou.
A TSU foi aprovada em 2022 com o objectivo de eliminar assimetrias e manter a massa salarial do Estado sob controlo a médio prazo. No entanto, o seu arranque fez disparar os salários em 36%, de uma despesa de 11,6 mil milhões de meticais/mês para 15,8 mil milhões de meticais/mês.
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